Mineração e siderurgia: Investidor está fugindo das ações; Vale (VALE3) é a última de pé?
A sustentabilidade da alta nos preços do minério de ferro segue como uma grande incógnita no mercado. A commodity é negociada a US$ 125-130 a tonelada nos mercados do exterior, embora a incerteza em relação à demanda na China ainda seja alta.
Em relatório publicado nesta sexta-feira (31), o Bank of America (BofA) destaca que os preços do minério de ferro entraram em rali antes que a retomada econômica da China realmente se concretizasse. E, por mais que alguns dados tenham sido bem recebidos pelo mercado, a recuperação da segunda maior economia do mundo não é exatamente linear.
Jogando ainda mais estresse nos mercados, a crise bancária recente instaurada nos Estados Unidos e a compra do Credit Suisse pelo UBS Corp levantaram novos temores de uma recessão em nível global.
O BofA conversou com investidores, que reclamaram sobre a baixa tolerância e paciência dos mercados. Sobre o setor de mineração e siderurgia, eles levantaram dúvidas sobre o caminho que os preços do minério de ferro estão tomando e se uma sazonalidade mais forte de demanda e a restocagem em abril são motivos suficientes para manter a trajetória de alta da commodity – ou se a resistência de autoridades chinesas a preços mais altos jogaria a matéria-prima siderúrgica para a direção oposta.
Posicionando-se no setor
De acordo com o BofA, a mudança mais clara de posição no setor de mineração e siderurgia diz respeito à Gerdau (GGBR4), que foi de call principal do consenso em dezembro para uma ação com forte posição “underweight” (equivalente a “venda”) em relação ao peso do benchmark em março.
Neste caso, pesou também o temor dos mercados sobre a compressão do spread metálico norte-americano, somada a um momentum fraco de precificação/demanda no Brasil no início de 2023.
“A Vale (VALE3) foi a principal posição de longo prazo do consenso desta vez, embora o posicionamento pareça menor em relação a dezembro por conta das incertezas quanto à sustentabilidade do preço do minério de ferro”, comenta o BofA.
Sobre Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), as posições parecem fracas. Investidores estão aguardando mais clareza sobre a parada para manutenção do alto-forno 3 da Usiminas, enquanto o aumento da alavancagem da CSN, bem como os planos de dobrar de tamanho nos próximos dois ou três anos, são um ponto de preocupação.