Milton Ribeiro deve ser afastado do governo após denúncias de corrupção no repasse de verbas do MEC
Mesmo após sustentar a permanência do ministro da Educação no cargo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve anunciar a saída de Milton Ribeiro do governo ainda esta semana.
Segundo informou o jornalista Valdo Cruz em seu blog no G1, o anúncio pode acontecer ainda nesta segunda-feira (28). Já o jornalista Claudio Dantas, d’O Antagonista, afirmou que a saída de Ribeiro já tem até data para acontecer: dia 1º de abril.
Ele pode ser substituído por Garigham Amarante, hoje diretor de Ações Educacionais do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e apadrinhado de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro.
O presidente teria sido convencido por aliados a se desfazer de Milton Ribeiro, mesmo que tenha defendido o ministro publicamente. Em sua última live semanal, na quinta-feira passada (24), Bolsonaro chegou a dizer que colocaria “a cara no fogo” pelo titular do MEC.
“O Milton, coisa rara de eu falar aqui. Eu boto minha cara no fogo pelo Milton, minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia com ele”, declarou Bolsonaro.
A saída do ministro, no entanto, não deve ter cara de “demissão”. A hipótese defendida é que ele seja afastado do cargo.
Milton Ribeiro é pastor presbiteriano, teólogo e professor. Ele assumiu o cargo de ministro da Educação em julho de 2020, substituindo Abraham Weintraub. Ribeiro é o terceiro titular do MEC no governo Bolsonaro, que além de Weintraub teve Ricardo Vélez Rodriguez no cargo.
Entenda a crise do MEC
Milton Ribeiro se tornou protagonista de uma crise no governo após o jornal Folha de São Paulo divulgar um áudio no dia 21 de março em que ele dizia repassar verbas do ministério a municípios brasileiros escolhidos por pastores. Durante reunião com prefeitos, o ministro teria dito que este era um pedido do presidente Jair Bolsonaro.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro no áudio.
Após a divulgação do áudio, prefeitos começaram a denunciar mais detalhes sobre o caso, dizendo que os tais pastores atendidos com prioridade pelo MEC cobrariam propina dos municípios como forma de liberar as verbas da pasta.
O ministro se manifestou por meio de nota no dia seguinte, negando as acusações e dizendo que “a alocação de recursos federais ocorre seguindo a legislação orçamentária, bem como os critérios técnicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE)”.
O jornal Estado de São Paulo já havia adiantado no dia 18 que uma espécie de “gabinete paralelo” de pastores estaria controlando as verbas da do MEC. Após a divulgação do áudio pela Folha, o Estadão publicou no dia 22 de março que entre os pedidos de propina haviam depósitos de R$ 15 mil e até de pagamentos em 1 kg de ouro.