Militares falharam em conter crescente desmatamento da Amazônia em maio
O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou pelo 13º mês consecutivo em maio, mostraram dados do governo nesta sexta-feira, apesar do envio de militares pelo presidente Jair Bolsonaro para combater a crescente destruição ambiental na região.
A destruição da floresta aumentou 12% em maio, em comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados preliminares de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O aumento contradiz uma comemoração do vice-presidente Hamilton Mourão, que no início da semana aplaudiu os militares por conter o desmatamento no mês passado.
“O desmatamento no mês de maio caiu ao mínimo comparado com anos anteriores. Então o nosso primeiro objetivo foi conquistado”, afirmou Mourão, que também preside o Conselho da Amazônia, durante reunião ministerial transmitida ao vivo pela TV Brasil na terça-feira.
O gabinete de Mourão não respondeu de imediato a um pedido por comentários.
De janeiro a maio, o desmatamento aumentou 34% em comparação com o ano anterior, subindo para 2.032 quilômetros quadrados.
Bolsonaro enviou militares para proteger a Amazônia em maio, repetindo uma ação semelhante feita em agosto de 2019, quando o clamor internacional cresceu devido a incêndios florestais na região.
“Agora em maio, que (os militares) também estavam em campo, os alertas do desmatamento continuaram em alta. Então, esse não é um modelo eficaz para reduzir desmatamento”, disse Cristiane Mazzetti, uma ativista florestal do Greenpeace Brasil.
Em vez de operações militares pontuais, disse Mazzetti, o governo deve fortalecer planos permanentes e de longo prazo para proteger a Amazônia, usando agências ambientais como o Ibama, que Bolsonaro buscou enfraquecer.
Na quarta-feira, Bolsonaro estendeu a mobilização militar por mais 30 dias.
O presidente tem pressionado para desenvolver a Amazônia, o que, segundo ele, tirará o povo local da pobreza, mas ambientalistas culpam suas políticas por encorajar madeireiros, fazendeiros e grileiros.
Os defensores do meio ambiente também criticaram o custo da mobilização militar, estimado pelo governo em 60 milhões de reais durante os primeiros 30 dias.
Dados divulgados no mês passado pelo Mapbiomas, uma iniciativa de mapeamento por satélite, mostraram que 99% do desmatamento do Brasil em 2019 foi ilegal.
Especialistas veem a proteção da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, como vital para conter as mudanças climáticas, já que ela absorve grandes quantidades de dióxido de carbono.
O aumento do desmatamento neste ano supera uma alta de 11 anos registrada em 2019. Na quarta-feira, o Inpe revisou os números de 2019 para mostrar um aumento de 34%, em comparação a 29,5% no cálculo preliminar.