Política

Militares de Bolsonaro estão cada vez mais práticos (para azar de Moro e Guedes)

24 abr 2020, 11:00 - atualizado em 24 abr 2020, 11:01
O presidente Jair Bolsonaro durante o desfile de 7 de Setembro, em Brasília.
À vontade: Bolsonaro está cada vez mais confiante, ao desafiar as estrelas de seu ministério, com o apoio dos militares (Imagem: Agência Brasil/Marcelo Camargo)

O núcleo de militares da ativa e da reserva que compõe o governo Bolsonaro está cada vez mais pragmático, a fim de pavimentar uma base parlamentar para o presidente, estabelecer um rumo para o desenvolvimento do país e, por fim, conter os excessos de Bolsonaro e seus filhos.

A avaliação é da MCM Consultores, em análise enviada aos clientes nesta sexta-feira (24). “O arranjo poderá ser bem-sucedido no sentido de proteger o presidente do impeachment. Porém, implica uma reconfiguração do governo”, afirma a consultoria.

“Para que as estrelas dos generais possam brilhar para valer, as de Paulo Guedes e Sérgio Moro precisarão ficar um tanto mais pálidas. A estrela de Moro no governo Bolsonaro parece que se apagará mais rápido”, diz a MCM.

Como se sabe, a demissão, por Bolsonaro, do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, criou um grande desconforto para Sérgio Moro.

Pau para toda obra

A MCM acrescenta que a articulação dos militares ocorre em três frentes. Primeiro, manifestando claramente seu apoio a Bolsonaro, “até para protegê-lo contra eventuais tentativas de encurtar seu mandato”.

A contrapartida, de acordo com a consultoria, é que o presidente pare de antagonizar com o Congresso, como quando comparece a manifestações em favor do AI-5, do fechamento do Congresso e da volta da ditadura.

O segundo front tocado pelos militares é assumir a responsabilidade de negociar o apoio do chamado Centrão (os partidos mais fisiológicos da Câmara) ao governo. A consultoria recorda que essa ala da política brasileira já rondava o Palácio do Planalto há um ano.

Estrela cadente: de superministro a figuração, Sérgio Moro foi fritado pelo próprio governo (Imagem: Marcos Corrêa/PR)

O terceiro front assumido pelos militares é a elaboração de “um plano meio etéreo de investimentos de montante relativamente modesto, mas destoante da pregação da atual equipe econômico”.

A MCM nega, contudo, que Bolsonaro seja tutelado pelas Forças Armadas – algo que caracterizaria submissão do presidente aos militares. Para a consultoria, o mais correto é tratar a situação como um pacto entre as partes.

“Bolsonaro parece ciente de que a aliança com os militares é sua viga mais sólida neste momento. É uma garantia contra a eventualidade do impeachment”, diz. A consultoria recorda que cerca de 30% da população ainda o apoia, mas ela é incapaz de ajudá-lo a governar.

“Já os militares podem, sim, colocar a mão na massa do governo. Criou-se então uma situação propícia a esse pacto, essencialmente pragmático, entre Bolsonaro e os generais que o rodeiam”, conclui a MCM.

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