Milho: entre o legal e o moral, mercado interno assanha o produtor a arriscar o primeiro e romper exportação
A máxima de que nem tudo que é legal é necessariamente moral pode ser analogia ao rompimento de contratos de exportações de commodities. Por isso não se espere que algum exportador admita que esteja praticando o washout, mesmo sendo obrigado a indenizar o comprador.
Como agora, com o mercado suspeitando que produtores de milho estejam recomprando lotes vendidos para abocanharem a margem do mercado interno. A explosão dos preços, atingindo máximas recordes, pelas condições adversas da safrinha e demanda muito positiva – além de atraso no plantio dos Estados Unidos – faz a indústrias brasileiras saírem às compras com avidez.
Essa opção, embora estabelecida nos contratos internacionais de commodities, nunca é assimilada pelos importadores – ou uma trading – sobretudo no caso atual, quando configurando a especulação e não um problema sério que impeça o exportador cumprir sua obrigação.
“Está bem fácil para o produtor se sentir tentado a praticar o washout, com o milho no mercado interno superando os R$ 100 a saca, no disponível, e de até R$ 85 para entrega em agosto”, diz Marlos Correa, da InSoy Commodities.
Como outros analistas, ele sabe que o instrumento está sendo utilizado por vários exportadores, mesmo sob risco de terem uma porta fechada no futuro.
Para o analista de Cascavel (PR), mesmo pagando a recompra, o produtor ainda consegue um lucro razoável sobre o bushel em Chicago.
Nesta terça (27), os negócios tiveram uma leve realização de lucros na posição de julho, em menos 0,13%, a US$ 6,56. Já o maio avançou mais de 15 pontos, a US$ 6,95, seguindo o pregão anterior em 25 pontos.
Na B3 (B3SA3), as cotações futuras passaram perto dos R$ 109 e recuaram para R$ 106, nos dois vencimentos mais próximos.