Milei x Massa: Com quem o agronegócio da Argentina deve ganhar?
Nesse último domingo, os argentinos foram às urnas para decidir quem deve comandar a Argentina nos próximos quatro anos.
Sem uma decisão final, Sergio Massa, atual ministro da Economia e com 36,41% dos votos, disputará o segundo turno no próximo dia 19 de novembro, com o ultraliberal Javier Milei, que somou 30,13% das intenções.
Os dois candidatos terão a difícil missão de recuperar uma economia extremamente fragilizada e que acumula uma inflação acima dos três dígitos.
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A partir disso, o Agro Times ouviu alguns especialistas sobre qual dos candidatos aposta mais no agronegócio para a retomada econômica da Argentina.
Milei, Massa e o agronegócio
Para Leandro Gabiati, doutor em ciência política pela Universidade de Buenos Aires, o candidato da direita tem apostado em medidas de difícil implementação, como o fim dos Ministérios da Saúde e Educação, além de encerrar o Banco Central do país.
“Se existe um pessimismo com a eleição de Massa e a continuidade das políticas atuais, há incerteza com uma possível eleição de Milei. Para o agronegócio, enquanto projetamos uma taxação por parte de Massa, não sabemos o que o ultraliberal fará e algumas questões como diminuição da tributação para o produtor rural pode atrair eleitores”, diz.
Por outro lado, em discursos anteriores, Milei defendeu a saída da Argentina do Mercosul, o que gera muita preocupação sobre o tema.
“Vale destacar que o Massa ganhou em grandes províncias produtoras do país como Santa Fé, Córdoba e nos Pampas. Ainda assim, há muito certeza e restará aos eleitores decidirem pelo menor pior. Dessa maneira, vejo uma maior simpatia do agronegócio ao Milei, em função das manifestações sobre possíveis taxações feito pelo Massa”, discorre.
Na visão do professor e pesquisador especializado em agronegócio no Centro de Agronegócio Global do Insper, Leandro Gilio, o agronegócio do país vem sofrendo nos últimos anos com as intervenções do governo.
“As políticas de restringir as exportações (retenciones) e a taxação de exportações têm limitado muito as possibilidades do agro argentino crescer. O país tem um grande potencial produtivo, mas tem sofrido com essas políticas intervencionistas. O Milei, como ultraliberal que se define, poderia ser mais interessante ao setor, já que não manteria essas taxações”, explica.
E o Brasil?
Com relação ao agronegócio brasileiro, Gilio pondera que apesar do Brasil contar com uma produção e potencial maior, a Argentina pode se tornar um concorrente ainda maior, assim como um importante mercado consumidor.
“Nós exportamos pouco para a Argentina atualmente, já que somos mais dependentes de mercados asiáticos. Assim, com o ‘liberal Milei’, em teoria, favoreceria a entrada de produtos brasileiros no mercado, porém, o candidato se demonstrou contra as relações com o Brasil e Mercosul, o que pode criar problemas de comércio”, avalia.
Quanto ao Massa, há uma expectativa de manutenção das políticas já implementadas na Argentina.
“Apesar disso, acredito que qualquer um dos governos vitoriosos deve repensar sobre as políticas intervencionistas no agronegócio. Dessa forma, a eleição de Massa aponta para um governo menos liberal. No entanto, precisamos pensar sobre as perspectivas comerciais entre a Argentina, Brasil e o Mercosul, já que o país é um importante parceiro consumidor, com um potencial ainda maior caso saia desta crise”, finaliza.