Milei x China: Sem socorro de Xi Jinping, Argentina faz empréstimo para pagar FMI
O novo presidente da Argentina, Javier Milei, decidiu contrair um empréstimo junto à CAF (Corporación Andina de Fomento) para pagar uma parcela de US$ 900 milhões queo país deve ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e que vencerá na próxima semana.
Desde que assumiu o poder, no último domingo (10), havia uma grande expectativa sobre a capacidade de Milei reunir os recursos necessários para saldar a dívida e evitar a decretação de um default da dívida logo nos primeiros dias de governo.
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A necessidade de evitar um calote levou o novo presidente, inclusive, a engolir os duros ataques que fez contra a China, durante a campanha eleitoral, e enviar uma carta ao presidente Xi Jinping, solicitando a renovação do acordo de swap cambial que vigora entre os dois países desde 2009.
Desde 2017, quando Maurício Macri assumiu a presidência, o acordo foi ampliado para permitir que parte dos yuanes acumulados no comércio bilateral seja convertido em dólares para quitar outras dívidas da Argentina. O problema é que os argentinos precisam de uma autorização especial de Pequim, sempre que recorrem a esse expediente.
A China também poderia ajudar de outra forma. No fim do governo de Alberto Fernández, os chineses concordaram em enviar um crédito adicional equivalente a US$ 5 bilhões. Esse dinheiro, porém, ainda não chegou aos cofres argentinos, já que a China preferiu aguardar o desfecho da eleição presidencial e o rumo que Milei pretende imprimir às relações bilaterais.
Milei recorre a crédito aprovado rivais pagar dívida argentina com FMI
A liberação do crédito da CAF, contudo, não é uma vitória inteiramente do novo inquilino da Casa Rosada, já que os recursos foram pré-aprovados também pelo governo anterior, quando o então ministro da Economia, Sergio Massa, encabeçou as negociações. Massa foi o oponente de Milei no segundo turno da eleição presidencial.
Segundo o jornal argentino El Cronista, o Banco Central (BCRA) confirmou que pedirá um “perdão” (waiver, no jargão do mercado financeiro) ao FMI pelo desenquadramento dos últimos meses.
Milei, contudo, não terá muito tempo para relaxar. O El Cronista lembra que mais US$ 459 milhões devem ser pagos ao Fundo já no primeiro quadrimestre de 2024. Agora, o novo ministro da Economia, Luis Caputo, pretende renegociar os termos do acordo com o FMI e revisar suas metas.