Eleições 2022

Michel Temer não descarta disputar eleição para presidente em 2022

01 dez 2021, 20:28 - atualizado em 01 dez 2021, 20:41

O ex-presidente Michel Temer (MDB-SP) não descarta disputar a eleição presidencial no ano que vem, embora ressalte que, por ora, um retorno ao Palácio do Planalto “não está no radar”. A declaração foi dada em entrevista à Record News, quando o emedebista analisava o cenário para o surgimento de uma candidatura capaz de se opor tanto à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto à do presidente Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição.

Perguntado sobre o que achava de ser indicado, por alguns políticos, como um possível nome para unificar a chamada terceira via, afirmou que, neste momento, a ideia não está no seu “horizonte”, mas aproveitou para mandar um discreto recado à audiência.

Temer lembrou de seu papel de pacificador da crise entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o ex-capitão aumentou os ataques à corte nas manifestações do Feriado da Independência que o apoiaram e exigiam o fechamento do STF.

Como se sabe, o ex-presidente foi procurado por Bolsonaro para restabelecer pontes com o ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos ataques de 07 de Setembro. O resultado foi uma carta redigida por Temer, em que seu sucessor na Presidência afirmava que foi tomado “pelo calor do momento” ao subir o tom contra o STF.

“Conjunção nacional”

O episódio foi tratado por Temer, na entrevista à Record News, como uma prova de sua habilidade política para costurar acordos e harmonizar a relação entre os poderes da República – algo que, em tese, seria importante para um eventual candidato da terceira via que vencesse em 2022 e herdasse um país polarizado entre lulistas e bolsonaristas.

“Sei que o ato modesto que pratiquei de permitir uma interlocução do Executivo com o Poder Judiciário foi muito útil para o país”, afirmou.

O ex-presidente acrescentou que só se disporia a pensar na corrida presidencial, se, “num dado momento, houver uma conjunção nacional, com vários setores dizendo que essa é a solução, porque já tem experiência e já fez algo”.

“Aí, eu posso examinar [a entrada na corrida presidencial]”, admitiu. “Mas confesso que, neste momento, volto a dizer, não está no meu radar”, sublinhou.

O assunto terminou, quando a repórter insistiu e perguntou se uma eventual candidatura estava totalmente descartada. “Em política nunca se descarta nada, né?”, respondeu Temer.

Recorde de desaprovação

Empossado presidente, após o impeachment de Dilma Rousseff, em agosto de 2016, Temer teria que suar muito a camisa, se quisesse mesmo vencer o pleito do próximo ano. Abatido pela gravação de sua conversa com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS (JBSS3), o emedebista encerrou seu mandato, em 2018, com a popularidade no fundo do poço.

A última pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) de seu período como presidente apontou que Temer era considerado ótimo ou bom por apenas 5% dos brasileiros. Outros 74% o consideravam ruim ou péssimo.