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MGLU3, VIIA3 e AMER3: O que explica a queda nesta quinta, apesar de dados positivos do varejo?

08 dez 2022, 19:30 - atualizado em 08 dez 2022, 19:30
Magazine Luiza varejistas
Magazine Luiza, Via e Americanas não acompanham dados positivos do varejo divulgados nesta quinta-feira (8); veja a seguir a explicação (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

As ações do varejo de e-commerce fecharam em queda nesta quinta-feira (8), mesmo com dados do varejo acima do esperado divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) recuaram 3,4%, valendo R$ 2,84. As quedas de Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) foram ainda maiores, de 4,33% e 4,23%, respectivamente.

O movimento vai na contramão da recepção do mercado sobre os dados de volume de vendas no varejo, que subiu 0,4% em outubro ante o mês anterior e 2,7% na comparação com outubro de 2021.

O resultado da base anual ficou acima da mediana das projeções, de 2,5%.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus, explica que os números divulgados pelo IBGE hoje não tiveram efeito sobre as ações pelo fato de se tratar de uma notícia que “já nasceu velha”.

Ferrer lembra que o mercado busca encontrar as notícias mais frescas para entender o comportamento futuro dos ativos.

Um exemplo disso são os dados da Black Friday, que aconteceu em novembro. Dados da Neotrust indicam que, no dia 25, o varejo virtual brasileiro apresentou queda de 28% em seu faturamento em comparação com o mesmo período do ano passado.

“Olhando para frente, que é o que o mercado está querendo saber, o sentimento ainda é bastante negativo, seja pela perda de renda real dos consumidores, seja pelos juros muito altos ou pela inadimplência subindo”, diz Ferrer.

O analista destaca ainda que todos esses fatores não mostraram pico. Pelo contrário: estão acelerando.

“Para frente, acho que eles vão piorar”, comenta.

Ferrer também cita a pressão que a PEC da Transição, aprovada ontem no Senado, está causando sobre o mercado.

A proposta de ampliar pelo período de dois anos o teto de gastos em R$ 145 bilhões, além de retirar da âncora fiscal até R$ 23 bilhões em receitas extraordinárias passará agora por análise na Câmara dos Deputados.

Somando tudo, o valor pode chegar a até R$ 168 bilhões, menor do que os R$ 200 bilhões que o mercado chegou a precificar. Ainda assim, a cautela prevalece.

Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, avalia que dados de varejo positivos são indiferentes quando o setor está machucado e a expectativa para o futuro é negativa, com possibilidade de novos aumentos nos juros.

“O que vemos, na minha percepção, é mais uma continuidade do cenário que continua complicado com o furo no teto de gastos”, afirma.