MGLU3: Por que esta gestora vendeu Magazine Luiza – e não pensa em voltar no curto prazo
A ação do Magazine Luiza (MGLU3) ganhou um pouco de vigor nas últimas semanas, mas analistas e gestores continuam com o pé atrás em relação à ação e o ao setor.
Em uma mais um episódio do podcast Market Makers, produzido por Thiago Salomão e Renato Santiago em parceria com a Empiricus (controladora do Money Times), Sara Delfim, da Dahlia Capital, com R$ 7 bilhões sob gestão, contou porque se desfez da posição de Magazine Luiza nos últimos meses.
“Não foi pelo Magazine Luiza, foi pelo setor. Tínhamos inflação subindo e o Banco Central aumentando os juros em um setor que é muito competitivo. Enquanto nos Estados Unidos você tem a Amazon, aqui no Brasil tem Magazine Luiza, Via (VIIA3), Americanas (AMER3), Shoppe, Amazon. São cinco caras que podem brigar pelo pedaço da pizza. Vimos o setor macro se deteriorando, com muita competição”, coloca.
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Ela lembra ainda que as empresas tiveram um “aumento brutal” de estoque de produtos entre o terceiro e quarto trimestre.
“Ou seja, as companhias entraram em um ano difícil com muito estoque. A única maneira de vender é com promoção. Nisso, você perde dinheiro. Tinha histórias mais claras na Bolsa, com maior potencial de crescimento. E a aí fizemos trocas”, diz.
Mesmo com a recente alta, no ano, os papéis de Magalu acumulam queda de 57% e 90% desde o pico.
Além de Delfim, o episódio também contou com a participação do gestor Ciro Aliperti Neto, da SFA.
Veja o episódio na íntegra:
Venda de Natura
Outra empresa que deixou o portfólio foi a Natura (NTCO3). A empresa, que comprou a Avon em 2019, se tornando uma gigante mundial de cosméticos, ainda tropeça na Bolsa e gera ceticismo por parte do mercado.
“É complexo digerir a aquisição da Avon. São várias geografias, várias moedas, outras culturas. Mas você dá um voto de confiança. Quarta maior empresa de cosméticos do mundo, grandes marcas. Até capturar as sinergias, tem um custo. Vem um trimestre bom, um mais fraco. Você começa a ficar desconfortável com a falta de consistência e por razões que fogem dos executivos”, relata.
A gestora cita a pandemia da Covid-19, que deu um nó no sistema logístico do mundo, e a guerra na Ucrânia.
“Você se pergunta se precisa ter uma empresa que hoje está em uma mudança de ciclo, tentando digerir uma grande aquisição. Às vezes tem outra empresa, e um nível de valuation igual ou mais atrativo que está em um ciclo mais transparente”, justifica.
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Varejo, mas outras empresas
Delfim conta que começa a olhar para o varejo à medida que as empresas de commodities perdem valor de mercado com o aperto da demanda.
“Se commodities cai, inflação desacelera. Qual é um bom player de inflação? Procurar empresas que não só se beneficiam do consumo mais baixo porque sobra mais dinheiro no bolso do brasileiro, como que aproveitam a narrativa política de auxílios”, fala.
Além disso, ela afirma que o fundo evita empresas alavancadas, ou seja, companhias com elevado endividamento devido à alta da Selic.
Entre os papéis, a gestora cita Marisa (AMAR3), além de Centauro (SBFG3) e Vivara (VIVA3).
“São empresas com um reconhecimento de marca boa e que portanto conseguem fazer um repasse de preços. Tem um público que pouco sensíveis à inflação”, completa.
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Veja o episódio na íntegra:
Diminuição em commodities
A gestora diminui a posição em Vale (VALE3) e empresas do setor metálico devido à desaceleração da economia chinesa.
“O governo chinês vem mantendo a política de Covid zero. Todos esses lockdows atrapalham esse crescimento. Eles têm a meta de crescer o PIB de 2022 em 5%, mas está difícil. Quando percebemos que não ia reduzir a política de Covid e retardaria os incentivos, diminuímos todas as posições em commodities metálicas”, coloca.
Porém, Delfim não vendeu completamente a posição. Ela diz que talvez exista a chance de Xi Jinping tirar o atraso e estimular a economia após ser reeleito em outubro.
“É importante ter um pouco de commoditie para que se isso acontecer você está posicionado”, lembra.
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