Internacional

México tem maior taxa de positividade de Covid-19 do mundo

01 jul 2020, 17:36 - atualizado em 01 jul 2020, 17:36
Coronavírus
Quando as taxas são tão altas, isso significa que os governos não têm ideia da gravidade do surto dentro de suas fronteiras (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Enquanto países do mundo todo tentam reabrir as economias, o número de testes de coronavírus que dão positivo se transformou na métrica a ser observada.

Cinco por cento é o limite para reabrir com segurança. Dez por cento é preocupante, enquanto 20% é chocante. No México, essa taxa é de 50%.

Os resultados elevados são fáceis de explicar – embora não tão fáceis de solucionar. O México evitou teimosamente realizar testes em larga escala e, em vez disso, testa apenas pacientes mais graves.

O subsecretário de Prevenção e Promoção da Saúde, Hugo López-Gatell, disse no fim de maio que qualquer outra abordagem seria “uma perda de tempo, esforço e recursos”.

Durante a pandemia, o México e partes da América Latina registram taxas de positividade que superam qualquer número visto da China aos EUA, incluindo novos focos problemáticos como Arizona e Texas.

Com a metade dos testes com resultados positivos, o México empata apenas com a Bolívia com a maior taxa do mundo. Na Argentina e no Chile, quase 3 em cada 10 testes resultam em diagnóstico de Covid-19. E, no Brasil, onde 1,4 milhão de pessoas foram infectadas, ninguém sabe ao certo por que o governo não divulga esses dados.

“Você não quer que seja tão fácil encontrar casos”, disse Amesh A. Adalja, especialista em doenças infecciosas do Johns Hopkins Center for Health Security. “Não estão se esforçando o suficiente.”

Quando as taxas são tão altas, isso significa que os governos não têm ideia da gravidade do surto dentro de suas fronteiras. Nos EUA, onde a taxa de positividade volta a subir e é de 8%, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças disseram que a verdadeira escala da pandemia pode ser 10 vezes o que os testes mostram.

Oficialmente, o México havia registrado mais de 226.000 casos até terça-feira e 27.769 mortes. A América Latina tem mais de 2,5 milhões de casos e responde por cerca da metade de todas as novas mortes diárias no mundo.

O que preocupa muitos profissionais de saúde é que nem o México nem o Brasil, potências da América Latina pelo poder econômico e população, mostraram muita disposição ou capacidade de mudar a tendência.

“Nosso objetivo não é contar todos os casos, mas usar mecanismos modernos e eficientes para combater a pandemia”, disse López-Gatell em audiência no Senado no fim de maio. Na terça-feira, ele disse: “as mortes em nosso país estão associadas a diabetes, hipertensão e obesidade”.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que os países atinjam taxas de positividade para testes de 5% ou menos por 14 dias antes da reabertura.

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