México pode fazer mais cortes de juros, diz banco central
O vice-presidente do banco central do México, Gerardo Esquivel, disse que pode haver mais de um corte da taxa de juros neste ano, já que ainda há espaço para afrouxar a política monetária.
Esquivel, um dos cinco membros do conselho que decide os juros, disse em entrevista por vídeo que o recente avanço da inflação não foi surpreendente e não deve persistir.
Ele não descarta a possibilidade de os juros reais – após o ajuste pela inflação – caírem em território negativo se as condições justificarem e se necessário.
“Dependendo um pouco de como os preços evoluam daqui para frente, podemos ou não aproveitar esse espaço que alguns de nós consideram existir nas taxas de juros”, disse. “Vamos ver se há espaço para isso nas decisões subsequentes que tomaremos em agosto, setembro e mais para o fim do ano.”
O banco central do México reduziu os juros em 3 pontos percentuais, para 5% nos últimos 12 meses, acelerando o ciclo de afrouxamento quando a pandemia de coronavírus atingiu o país em março.
Os juros reais estão ainda entre os mais altos do G-20, e economistas projetam, em média, apenas mais um corte neste ano, em agosto, mesmo com a previsão de queda de 9,6% para o PIB.
Esquivel acrescentou que não sabe o que acontecerá depois de agosto e que isso dependerá do desempenho de vários indicadores.
Salto temporário
A inflação acelerou no início de julho acima da expectativa de economistas, para 3,59% em relação a 2,15% em abril, impulsionada pelo aumento dos preços de alimentos e da gasolina. A meta de inflação do banco central é de 3%, com intervalo de 1 ponto percentual para cima ou para baixo.
A economia do México registrou retração recorde de 17,3% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores, segundo dados preliminares divulgados na quinta-feira.
A resposta desencontrada à pandemia afetou empregos e o PIB, ao mesmo tempo em que não conseguiu controlar o surto, o que desafia o presidente Andrés Manuel López Obrador.
Esquivel disse que o PIB só retornará aos níveis pré-pandemia no fim de 2022, em linha com a previsão do Ministério das Finanças.
Alguns especialistas são mais pessimistas: Jessica Roldan, economista da corretora mexicana Finamex, acredita que levará sete anos para o PIB recuperar os níveis vistos antes da crise.