Economia

México decide fazer pausa em redução de linha de crédito do FMI

20 nov 2020, 10:36 - atualizado em 20 nov 2020, 10:36
FMI
As linhas de crédito devem ser suspensas com o tempo, e o México ainda planeja tomar a medida quando os riscos diminuírem, de acordo com uma das pessoas (Imagem: REUTERS/Rodrigo Garrido)

O México obteve aprovação do Fundo Monetário Internacional para manter sua linha de crédito flexível em US$ 63,4 bilhões em meio à pandemia, na contramão das reduções ocorridas nos últimos anos, segundo três pessoas a par das negociações.

O FMI aprovou o pedido na revisão intercalar da linha de crédito na quarta-feira, de acordo com as pessoas, que não quiseram ser identificadas.

Na última renovação da linha há um ano, o FMI havia dito que o governo do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pretendia usar a revisão para cortar a linha em 20%, para US$ 50,7 bilhões, condicionada à redução dos riscos externos.

As linhas de crédito devem ser suspensas com o tempo, e o México ainda planeja tomar a medida quando os riscos diminuírem, de acordo com uma das pessoas.

Em abril, López Obrador havia dito que não planejava acessar a linha porque isso implicaria em assumir mais dívidas. O presidente tem cortados gastos, e a linha – que vence em novembro de 2021 – custa ao México US$ 168 milhões por ano para ser mantida, mais juros, se for utilizada.

As assessorias de imprensa do FMI e da Secretaria da Fazenda do México não quiseram comentar de imediato.

Proteção

A linha de crédito flexível, conhecida como LCF, é uma forma de empréstimo pré-aprovada e não impõe condições de como o dinheiro deve ser gasto. O FMI usou a LCF na última década para criar uma rede de proteção sob algumas das maiores economias da América Latina, a região mais duramente atingida pela pandemia neste ano.

O FMI disponibiliza LCFs para países com histórico de política econômica prudente, mas que também são vulneráveis a choques externos. Neste ano, Chile e Peru se uniram ao México e à Colômbia ao ganhar acesso.

O México foi o primeiro país a obter a linha de crédito quando foi criada em 2009 durante a crise financeira global e tem reduzido voluntariamente seu acesso nos últimos anos.

A linha foi reduzida de US$ 88 bilhões em 2016 para US$ 74 bilhões em 2018 depois que a negociação de um novo acordo de livre comércio aliviou as preocupações sobre a relação com os EUA. A linha foi cortada novamente para US$ 61 bilhões no ano passado.

Depois de aprovada, o valor da linha oscila ligeiramente em dólares, porque é definida em direitos especiais de saque.

Durante anos, os destinatários não recorreram às LCFs e as trataram como financiamento de reserva, por temerem que o uso dos fundos assustasse investidores. Mas, nos últimos dois meses, a Colômbia anunciou planos para começar a sacar US$ 5,3 bilhões de sua linha para combater a pandemia em meio à pior recessão da história do país.

As revisões intercalares das LCFs, como a concluída para o México nesta semana, ocorrem pouco antes do primeiro aniversário da aprovação para linhas de crédito de dois anos.