Internacional

México conquista operadores de câmbio e apelo do Brasil diminui

27 jun 2022, 9:44 - atualizado em 27 jun 2022, 9:44
Real
Impulsionado por grandes saltos nas taxas de juros, melhoras no comércio exterior e fluxos para o mercado de ações brasileiro, o real foi o destaque deste ano, e chegou a se valorizar 21% em relação ao dólar (Imagem: Pixabay)

Os operadores de câmbio da América Latina se desencantaram com a estrela deste ano e mudaram seu foco para o norte.

Impulsionado por grandes saltos nas taxas de juros, melhoras no comércio exterior e fluxos para o mercado de ações brasileiro, o real foi o destaque deste ano, e chegou a se valorizar 21% em relação ao dólar.

Mais recentemente, porém, teve um desempenho inferior ao de outra grande moeda da região: o peso mexicano.

Apoiado por fortes remessas, taxas de juros atraentes ajustadas à volatilidade e a possibilidade de os EUA transferirem linhas de produção da China para o México, o peso ganha força em relação aos pares de mercados emergentes.

A moeda mexicana se valorizou mais de 13% em relação ao real desde o final de abril e tem espaço para avançar ainda mais depois de quebrar sua média móvel de 200 dias, um indicador técnico amplamente observado.

O real ainda é a moeda latino-americana com melhor desempenho em 2022, com valorização de 6,5%, superando o avanço de 3,3% do peso, mas essa vantagem está desaparecendo rapidamente. Enquanto no Brasil o Banco Central está próximo de colocar um fim ao ciclo de aperto monetário – possivelmente em agosto – no México, espera-se que as autoridades continuem aumentando as taxas por pelo menos mais seis meses, com alguns até cogitando uma aceleração no ritmo de aperto. Isso melhorará o apelo de carry trade do peso.

O Brasil também está à beira de uma eleição presidencial em outubro, o que pesa nos mercados. Espera-se que o presidente Jair Bolsonaro continue se inclinando para medidas mais populistas, já que está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião. Essas medidas provavelmente terão um impacto fiscal prolongado.

Em uma tentativa de compensar o ônus para a população dos preços mais altos dos combustíveis, o governo propôs um aumento no valor mensal do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e um benefício de R$ 1.000 por mês aos caminhoneiros.

Também dobrou o auxílio para despesas com gás de cozinha para famílias de baixa renda. Todas essas medidas fazem parte de uma emenda constitucional que deve ser votada no Congresso nas próximas semanas e terá um impacto fiscal de R$ 34,8 bilhões.

Bolsonaro vai avançar com as políticas de gastos para angariar apoio dos eleitores, “e isso vai se converter em fraqueza do real”, disse Brendan Mckenna, estrategista de câmbio da Wells Fargo.

Siga o Money Times no Facebook!

Curta nossa página no Facebook e conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Siga agora a página do Money Times no Facebook!