Metaverso: Vale a pena realizar ações de marketing em mundos virtuais?
“Vamos fazer uma ação de marketing no Metaverso!”
Mas para que fazer exatamente?
Sou fã de inovações. Na verdade, sou muito mais admirador desse espírito e vontade de fazer diferente e criar algo, do que das inovações em si.
De qualquer modo, seja a vontade ou resultado dela, isso nos move na direção de um mundo cada vez mais global e digitalizado. A tendência da vez é o Metaverso – simulação da realidade em um ambiente digital.
Nesse universo digital você tem um avatar e vive a experiência daquele mundo e espaço. E onde tudo é digital, os limites são muito mais técnicos do que físicos, ou assim deveriam ser. E nossa sede por experiências que imaginamos e não podemos ter na vida real, ganham possibilidades nesse paralelo digital.
Marketing como agente de experiências
E claro que o marketing já descobriu isso e irá embarcar nessa tendência. Aliás, provavelmente será um dos principais propulsores desse universo, vendendo (ou entregando, como preferir) experiências impossíveis na realidade.
Ou, ainda melhor, vendendo algo digital com mais facilidade do que na realidade. E diremos que é mais uma forma de realizar um sonho, dessa vez através de tokens digitais, os NFTs – que são produtos que existem apenas lá.
Marcas como Adidas, Gucci e Zara têm criado coleções de roupas que só existem na internet e só podem ser usadas por avatares. Ao mesmo tempo, itens como iates virtuais têm sido vendidos por milhões de reais e terrenos digitais batem recordes o tempo todo, movimentando centenas de milhões de dólares. Outras marcas, como Itaú e Renner criaram ações pontuais, e outras patrocinaram jogos e corridas no universo digital.
É inegável que se empresas criam produtos digitais e obtém renda disso, consumidores existem. Há um negócio. Bloomberg Intelligence calcula que a oportunidade de mercado para o Metaverso pode atingir US$ 800 bilhões até 2024.
Mas vale a pena, de fato, criar uma ação no Metaverso?
Apesar de algumas marcas arrecadarem valores (Adidas recebeu mais de US$ 22 milhões por NFTs em dezembro de 2021), vejo isso muito mais como uma movimentação de posicionamento de marca. Grandes marcas investem para se fazer presente nesse ambiente e a repercussão, é claro, será seu maior ativo.
Entretanto, essa “novidade” se tornará normal à medida que avançarmos.
Mas vale mesmo a pena?
Criar uma ação no Metaverso, apenas para dizer “nós fizemos uma interação completamente digital com nossos clientes, usuários, colegas, amigos, avatares…” não vale a pena sem uma estratégia muito maior de Relações Públicas e engajamento para repercutir no mundo real, isso porque o resultado do Metaverso ainda está na realidade, não lá dentro do universo virtual.
E acrescento que, no atual momento, uma ação no Metaverso deve ser vista como qualquer outra ação de marca, como apoiar uma causa social ou algo de valor para sua audiência.
E voltamos ao cerne de qualquer ação: o seu usuário e cliente, quer mesmo uma experiência no Metaverso ou é apenas um desejo seu de fazer parte dessa tendência?
Metaverso como simulação da realidade é pouco
No ambiente digital do Metaverso há diversas ações que ocorrem apenas lá. Eventos, coleções, corridas, experiências promovidas por marcas e usuários. Mas ainda assim são, em sua vasta maioria, reproduções da realidade. Ok, cenários incríveis dignos de videogames, mas ainda uma simulação de experiência.
Não tenho dúvidas de que o inimaginável será um dia digital no Metaverso, mas investir em uma ação nesse ambiente que seja apenas uma simulação é pouco. Simular a realidade é pouco para um mundo em que teoricamente tudo é possível.
E se objetivo do Metaverso é oferecer uma experiência inédita, “estar dentro do conteúdo”, desejo algo que me faça duvidar da realidade.
Erich Casagrande trabalha com Marketing Digital especializado na localização e gerenciamento de estratégias e projetos globais para mercados nacionais e presto consultorias e mentorias para startups e negócios em desenvolvimento. Atualmente é Marketing Manager Lead da Semrush no Brasil e responsável pelas ações de marketing que envolvem a marca no país. Atua diretamente para aumentar a presença da Semrush no mercado brasileiro através do desenvolvimento de parcerias, relacionamentos com especialistas da área e ações de Digital PR.
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