Meta e PayPal cegam analistas que só viam mais crescimento
Balanços de grandes empresas de tecnologia provocaram algumas mudanças extremas no preço das ações nesta temporada, com as expectativas de Wall Street aparentemente desalinhadas da realidade das empresas.
Antes da queda de 27% no preço das ações da Meta nesta quinta-feira, que veio depois que sua previsão de receita para o primeiro trimestre frustrou as estimativas, os analistas estavam amplamente otimistas com a gigante das mídias sociais.
Entre as 62 firmas de Wall Street que cobrem as ações da dona do Facebook (FB), 52 tinham recomendação de compra, e os analistas viam potencial de alta de 18% com base na média de seus preços-alvo, de acordo com dados acompanhados pela Bloomberg.
A visão das corretoras e casas de análise sobre a PayPal antes de seus resultados era igualmente otimista. A grande maioria dos analistas monitorados pela Bloomberg classificavam a empresa de pagamentos como compra antes de um balanço que fez as ações derreterem 25%.
E para Netflix (NFLX), os analistas esperavam que o gigante do streaming adicionasse 6,26 milhões de novos usuários no trimestre atual, uma grande incompatibilidade com os 2,5 milhões projetados pela empresa.
Expectativas elevadas e um histórico de lucros que superaram previsões podem ser parcialmente culpados pelas tombos das ações, de acordo com Mark Stoeckle, CEO e gerente sênior de portfólio do Adams Funds.
“O ‘sell side’ tratou ações como Netflix e Meta como realeza”, disse Stoeckle por e-mail. Dada a crescente concorrência e a maturidade das ações, elas estão em um relevante ponto de inflexão, acrescentou. “Isso não significa que o mundo passou para eles, mas significa que elas não veem ventos contrários há muito tempo.”
A queda da Meta coloca a empresa a caminho de apagar mais de US$ 200 bilhões de seu valor de mercado.
Para o chefe de estratégia de ações do Saxo Bank, Peter Garnry, o descasamento entre expectativas e realidade sugere que as empresas têm “uma visibilidade aparentemente baixa de seus negócios impulsionada pela falta de compreensão da dinâmica pós-pandemia”.
Ao mesmo tempo, os movimentos “parecem um pouco excessivos em relação à mudança nas expectativas, ressaltando o quão sensível e frágil o setor de tecnologia dos EUA está agora”, escreveu Garnry em comentários por e-mail.