CEO Conference 2023

Meta de inflação não é instrumento de politica monetária, diz Campos Neto

14 fev 2023, 11:10 - atualizado em 14 fev 2023, 13:14
Roberto Campos Neto, Banco Central, metas de inflação
Governo quer elevar meta de inflação durante reunião do CMN desta semana; Roberto Campos Neto diz ser contra a mudança. (Imagem: You Tube/Banco Central do Brasil)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a meta de inflação não é um instrumento de política monetária e que esse é um papel da taxa Selic.

“Não achamos que qualquer coisa que vá no sentido de mudar a regra é bom”, disse Campos Neto durante evento do banco BTG Pactual. “É bom pensar fora da caixa, debate é sempre importante, mas no Brasil não estamos no momento de experimentar”, completou.

Sobre a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para quinta-feira (16), o presidente afirma que é importante respeitar as instituições e seguir a regra do jogo, que é bem clara: quem determina a meta de inflação não é o Banco Central.

Ele aproveitou a oportunidade para reforçar a importância da autonomia da autoridade monetária.

Sobre o atual governo, Campos Neto afirmou que é preciso ter um pouco de boa vontade e que 45 dias é um tempo muito curto.

Ontem, o presidente do Banco Central participou do programa Roda Viva, na TV Cultura, onde negou ter sinalizado ao governo um aumento da meta de inflação.

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Metas de inflação: Lula x Banco Central

Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva travou uma batalha contra o Banco Central por causa da taxa Selic, que está sendo mantida em 13,75% ao ano desde agosto. Para o presidente, a taxa básica de juros está muito alta e até começou a questionar se a autonomia do Banco Central foi uma boa decisão.

Atualmente, Lula não tem força política para rever a independência do Banco Central. Ele precisaria levar esse assunto para o Congresso, mas o governo tem outras prioridades, como a reforma tributária e o desenho de um novo arcabouço fiscal.

Por isso, Lula pode usar a meta de inflação para tentar driblar a autonomia do Banco Central. Em janeiro, em entrevista a GloboNews, o presidente afirmou que a meta de inflação era muito baixa.

“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse.