Meta de inflação: Entenda o que pode mudar e o que acontece com o Banco Central
O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne na quinta-feira (27) para definir a meta de inflação. Neste ano, além da meta de 2026, o grupo também deve debater uma mudança nas metas de inflação atuais metas para 2023, 2024 e 2025, que são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.
A revisão das metas entrou no radar do mercado no começo do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se não era melhor aumentar a meta para ajudar o Banco Central na redução da Selic.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse Lula no dia 18 de janeiro em entrevista a GloboNews.
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No entanto, ao contrário do plano inicial de mudar o patamar da meta, o que o CMN deve promover é uma revisão do calendário. O ministro Fernando Haddad já tinha comentado que a ideia é que a meta passe de ano-calendário para contínua.
Em abril, Haddad destacou que, os países que têm metas, consideram a inflação acumulada em 12 meses de maneira contínua (se o mês é abril, então o Banco Central vai olhar os dados acumulados até abril do ano anterior). No entanto, aqui no Brasil, a meta de inflação se refere ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de janeiro a dezembro, o chamado ano-calendário.
Com a mudança, a política de verificação de cumprimento da meta será redefinido para o padrão internacional, deixando para o Banco Central definir o horizonte de convergência.
Se a projeção se confirmar, será algo bem-visto pelo mercado, já que traz uma certa flexibilidade para a meta. “Com a mudança, o BC passaria a perseguir o nível determinado para a inflação acumulada em 12 meses em um período mais flexível, que ainda não está claro se será de 18 ou de 24 meses”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
Basicamente, se objetivo de inflação for perseguido por um período mais longo, o Banco Central poderia abrir um pouco a mão na sua política monetária. O Comitê de Política Monetária (Copom) começou a elevar a Selic em março de 2021, até chegar em 13,75% ao ano em agosto do ano passado. Desde então, a taxa básica de juros segue no mesmo patamar.