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Mesmo que Putin quisesse, não há liberação rápida do Mar Negro; índice de fretes BDI volta a subir

03 jun 2022, 14:45 - atualizado em 03 jun 2022, 14:50
Mar Negro em Odesa, Ucrânia
Cerco ao Porto de Odessa não é só pelas embarcações russas, mas por minas à deriva no Mar Negro (Imagem: REUTERS/Valentyn Ogirenko)

O presidente russo Vladimir Putin conseguiu mexer com as commodities esta semana acenando com informação de que poderia liberar as exportações de grãos da Ucrânia. Mas mesmo que não fosse um mero balão de ensaio para sentir algum afrouxamento das sanções ocidentais, logisticamente a situação poderia levar semanas.

Como informa a International Maritime Organization (IMO), órgão da ONU, desbloquear as saídas dos mares Negro, onde se encontra o Porto de Odessa, e do Mar de Azov, pelo Porto de Mariupol, vai além de a Rússia retirar suas embarcações de guerra.

A varredura das minas marítimas, essas sim são um problema adicional, que poderia levar muito mais tempo. E, pior, a IMO e os armadores internacionais exigem supervisão de outras forças, o que certamente a Rússia não aceitaria.

Na segunda, quando o aceno de Putin pipocou, havia em torno de 100 navios estacionados ao largo do Mar Negro há mais de dois meses, sem poderem sair.

E o índice de referência dos fretes marítimos a granel, Baltic Dry Index (BDI), estava em US$ 2,887 mil a tonelada.

A simples expectativa deu uma afrouxada nas cotações, inclusive das commodities até quarta, derrubando os preços do trigo e milho, trazendo a soja junto.

O naufrágio dessa possibilidade, já sentida desde ontem, fez o indicador fechar em 67 pontos de alta nesta sexta (3), mais 2,61%,.

Como as naves que estão dentro não saem, as que poderiam chegar não têm como entrar.

Seguros explodiram

Mesmo com a alta do BDI, que em 24 de fevereiro – dia da invasão – estava em US$ 1,294/t a carga seca de granéis, os grupos marítimos internacionais não vão expor seu capital na região sem garantias.

Inclusive, a explosão dos prêmios de seguros e do afretamento também não permitem essa decisão.

Porque, ainda assim, as grandes seguradoras precisam ser notificadas da decisão do armador em ir para a “zona de guerra” (Risco Classe C), e podem não permitir, segundo escreveram, em artigo, os especialistas em direito internacional, Luís Cláudio Furtado Faria, Vitor Chavantes Godoy da Costa e Mariana Rodrigues da Costa.

Ao largo da questão logística imposta pela guerra, ainda há um desequilíbrio do da navegação mercante global, com o congestionamento dos portos chineses, além da retirada de milhões de contêineres de circulação, agravados pelo período do recente lockdown no país.

Algumas milhões de toneladas de trigo, e um pouco menos de milho, ucranianos, continuariam paradas por um bom tempo ainda, mesmo se a boa vontade do invasor prevalecesse.

Nas próximas semanas, começarão a sair dos campos do país a safra de primavera.

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