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Mesmo em crise, petroleira venezuelana segue com aulas de ioga e violão

11 dez 2019, 15:22 - atualizado em 11 dez 2019, 15:22
PDVSA Venezuela
Muitos trabalhadores da PDVSA se juntaram ao movimento de migração em massa para países vizinhos tentando escapar do pior desastre humanitário da história moderna da Venezuela (Imagem: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

Os trabalhadores estão passando fome, os equipamentos caindo aos pedaços e a produção de petróleo da estatal da Venezuela definhando. No entanto, as aulas de ioga, violão e dança continuam.

O braço cultural da Petróleos de Venezuela oferece essas classes a todos os funcionários, além de workshops sobre como operar um negócio socialmente responsável. O centro, administrado pela esposa do ministro do Petróleo, tem sede em La Estancia, uma plantação de café do século 18 localizada em uma área arborizada de Caracas.

O oásis exuberante de arquitetura colonial, onde bromélias brotam de troncos de árvores e pavões passeiam livremente, destaca a desconexão entre a elite burocrática da Venezuela e o resto do país. Embora as atividades da La Estancia sejam abertas a toda equipe da PDVSA, os funcionários frequentemente não têm o suficiente para comer.

Muitos trabalhadores da PDVSA se juntaram ao movimento de migração em massa para países vizinhos tentando escapar do pior desastre humanitário da história moderna da Venezuela, resultado de uma combinação de controle de preços, expropriações, má administração e corrupção.

O centro La Estancia também atende o público em geral, que enfrenta o colapso da moeda e a falta de serviços públicos, alimentos e combustível.

“A dor é sentida pelas pessoas, mas não pelas pessoas no topo”, disse Russ Dallen, sócio-gerente da Caracas Capital Markets, com sede em Miami. “Se eles não estivessem no comando com mão de ferro, estariam na prisão. Eles têm acesso a dólares para poder viver uma vida boa enquanto o resto do país passa fome ou vai embora.”

Sanções dos EUA

O governo Donald Trump impôs sanções à PDVSA em uma medida para restringir a principal fonte de receita da Venezuela e derrubar o regime de Nicolás Maduro. Embora a situação tenha tornado a estatal de petróleo inadimplente, a empresa consegue, de alguma forma, manter as atividades do centro La Estancia em Caracas, bem como em outros três locais.

O colapso da PDVSA ocorreu sob o comando de Manuel Quevedo, ex-ministro da Habitação e general ativo que não tinha experiência na indústria do petróleo quando assumiu o cargo há dois anos. Quevedo também é ministro do Petróleo, bem como o atual presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Sua esposa, Mary, assumiu seu papel na La Estancia – tradicionalmente administrada pelo cônjuge do presidente da PDVSA. Ela também foi vista com o marido em viagens a Viena para reuniões da Opep.

Um porta-voz da PDVSA disse que a empresa não comentaria sobre as atividades da La Estancia. Um funcionário da imprensa do centro cultural não atendeu a um pedido de entrevista com Mary Quevedo.

Certamente, o papel da La Estancia diminuiu com a receita do petróleo. Durante os anos de expansão, financiou projetos de renovação urbana no centro de Caracas e reconstruiu partes do patrimônio cultural e arquitetônico da Venezuela.

Em 2016, a última vez que a PDVSA divulgou dados financeiros anuais, os gastos com desenvolvimento social haviam caído 89%, para US$ 977 milhões.

Em um país que sofre com a falta de suprimentos médicos básicos e produtos farmacêuticos, a aula de ioga foi anunciada como uma maneira de “relaxar e prevenir doenças degenerativas”.

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