Mesmo com Selic em menor patamar desde 2022, Brasil está entre maiores juros reais do mundo
Na quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros saiu do patamar de 11,75% para 11,25%.
Trata-se do mais baixo desde março de 2022, quando os juros passaram de 10,75% para 11,75%.
No entanto, isso não foi suficiente para tirar o Brasil da lista de países com maiores juros reais do mundo. Em um ranking mundial elaborado pelo Portal MoneYou, o Brasil aparece em segundo lugar quando o assunto é juro real.
Agora, o juro real brasileiro está em 5,95% ao ano, abaixo do juro do México que está em 6,49% e ocupa a primeira posição da lista. Até dezembro do ano passado, Brasil estava na liderança, com uma taxa de 6,11%.
Confira o ranking
País | Juro real |
México | 6,49% |
Brasil | 5,95% |
Colômbia | 4,81% |
Turquia | 3,78% |
Indonésia | 3,48% |
República Checa | 2,46% |
Chile | 2,45% |
África do Sul | 2,29% |
Hong Kong | 2,27% |
Hungria | 2,26% |
Rússia | 2,04% |
Estados Unidos | 1,73% |
Nova Zelândia | 1,70% |
Filipinas | 1,65% |
Dinamarca | 1,58% |
Itália | 1,47% |
Holanda | 1,32% |
Israel | 1,32% |
Coreia do Sul | 1,12% |
Grécia | 1,07% |
Malásia | 1,03% |
Índia | 1,02% |
Portugal | 0,97% |
China | 0,94% |
França | 0,92% |
Alemanha | 0,87% |
Bélgica | 0,87% |
Suécia | 0,72% |
Austrália | 0,68% |
Polônia | 0,68% |
Espanha | 0,68% |
Tailândia | 0,55% |
Reino Unido | 0,46% |
Áustria | 0,38% |
Cingapura | 0,06% |
Canadá | 0,05% |
Taiwan | -0,31% |
Suíça | -0,64% |
Japão | -2,24% |
Argentina | -31,15% |
O que é juro real?
Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.
Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.
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Fiscal está travando queda da Selic?
Segundo o levantamento, o cenário para a aceleração do corte de juros continua retido pela questão fiscal, a insistência arrecadatória do governo e nenhuma sinalização de controle de gastos.
Tudo isso se choca com a série mais recente de indicadores inflacionários, especialmente o IPCA-15, que trouxe uma sensível melhora e abre espaço para cortes mais intensos, apesar do núcleo não tão bom.
Juros reais: Entenda o impacto nos investimentos e crédito
A queda nos juros reais em si é boa porque quer dizer que não temos o maior juro do mundo, mas ainda ocupamos a segunda posição.
Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.
Dólar entrando significa câmbio caindo. Essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.
Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.
No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na semana passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve em 0,25 ponto percentual, nesta quarta-feira (03).
A taxa agora se encontra no intervalo entre 5% e 5,25% após a segunda reunião do Fed em 2023. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.
Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.