Mesmo com ministérios, União Brasil apoia menos urgência de arcabouço fiscal que o PP
Mesmo com três ministérios no governo Lula, a bancada do União Brasil entregou nesta quarta-feira durante a votação do pedido de regime de urgência para o novo arcabouço fiscal no plenário da Câmara dos Deputados um apoio menor do que o de siglas independentes e sem espaço na Esplanada como o PP e o Republicanos.
Dados do mapa de votação mostram que o partido garantiu 43 votos favoráveis do requerimento, 11 contrários, além de ter havido uma abstenção e outros quatro deputados que não votaram. Ao todo, a taxa de apoio foi de 72,8% da bancada do União.
O União Brasil detém os ministérios das Comunicações e do Turismo, comandados pelos deputados federais licenciados Juscelino Filho (União-MA) e Daniela Carneiro (União-RJ), além da pasta da Integração Nacional com o ex-governador do Amapá Waldez de Góes, indicado pelo ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP).
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Apesar da compor a Esplanada, o partido se diz independente e é uma das incógnitas para o governo na hora de contabilizar quantos apoios de fato tem na Câmara.
Outro ponto de atenção para a base são as clivagens ideológicas, com integrantes do PT e o PSOL criticando as restrições de gasto público da proposta. Nesta quarta-feira, toda a bancada do PT acabou votando a favor da urgência da análise (com duas ausências), após a cobrança nos bastidores do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Já o PSOL deu 11 de seus 12 votos contra — um parlamentar se absteve.
No total, o parecer do deputado Cláudio Cajado (PP-BA), a partir do projeto encaminhado pelo governo, obteve 78% de apoio entre os deputados votantes. Dos 471 votantes na sessão de quarta (o presidente da Câmara, Arthur Lira, não vota), a proposta obteve 367 votos favoráveis, 102 contrários e uma abstenção.
A votação do mérito da proposta está prevista para a próxima quarta-feira, mas há quem defenda antecipá-la ante o expressivo resultado da votação da urgência.
A bancada do PP de Lira e de Cajado e o Republicanos –legendas que não têm ministérios — deram, respectivamente, 80% de apoio (38 votos a favor em 47 votantes) e 97,5% dos votos (40 dos 41 votos).
Uma fonte ligada ao presidente da Câmara disse que o mapa de votação mostra que o União Brasil é uma “encrenca” e que o melhor seria o governo investir no apoio do PP.
Uma fonte da bancada do PT, por sua vez, afirmou que o placar do requerimento indica um bom sinal por conta dos 110 votos a mais do que o quórum mínimo necessário para a votação do mérito — um projeto de lei complementar, como a nova regra fiscal, precisa do apoio de pelo menos 257 deputados. Destacou que basicamente votos contrários foram do PL (59 contrários), PSOL e, em tom de ironia, citou a atuação do “Desunião”.