Mercados voltam a ficar pressionados com angústia local e dólar supera R$ 5,40 e DIs saltam 20 pontos-base
O dólar ganhou força no fim da manhã, abandonou a queda de mais cedo e voltou a superar 5,40 reais nesta segunda-feira, em dia de renovada pressão no mercado de juros e de fraqueza na bolsa de valores, ainda em meio à indigestão do mercado diante do tensionado clima político-fiscal no Brasil.
A Guide Investimentos notou que o ambiente institucional no Brasil segue “conturbado” após o presidente Jair Bolsonaro dar entrada em pedido de impeachment de um ministro do STF na sexta-feira.
Além disso, o noticiário do fim de semana sugere a investidores que o governo vai precisar gastar tempo para debelar crises com outros Poderes, com risco, assim, de deixar de lado a agenda de reformas ansiada pelo mercado.
Em paralelo a isso, o Banco Central vê barulho quanto ao efetivo apoio do Planalto à sua autonomia formal, sancionada em lei deste ano, mas não movimento ou pressão direta do presidente Jair Bolsonaro contra o status recém-adquirido, disseram duas fontes da autoridade monetária à Reuters, sob condição de anonimato.
Na sexta-feira, a agência de notícias Associated Press publicou que Bolsonaro confidenciou a interlocutores ter se arrependido da lei de autonomia, que assinou em fevereiro.
O dólar à vista tinha variação positiva de 0,10% nesta segunda, a 5,3903 reais, após alcançar 5,4023 reais (+0,32%). A moeda passou boa parte da manhã em baixa, tocando uma mínima de 5,345 reais (-0,74%).
Nos juros, as taxas voltavam a mostrar forte alta de mais de 20 pontos-base após uma trégua na sexta-feira, quando ainda devolveram apenas uma parte da disparada de dias anteriores gerada por temores fiscais.
Uma forte demanda por NTN-B título que protege da inflação tem ajudado a manter os DIs em alta, uma vez que o mercado de juros nominais a termo da B3 (B3SA3) serve de “hedge” para as posições em juro real.
Sinal de maior percepção de risco por parte do investidor, o spread entre as taxas de DI de janeiro 2027 e janeiro 2023 subia 6 pontos-base nesta sessão, a 166 pontos-base, devolvendo boa parte da queda de 8 pontos-base da sexta-feira.
No mercado de ações, o Ibovespa (IBOV) destoava de seus pares e caía 0,6%, ampliando a queda no mês para 3,7% e caminho de engatar o segundo mês de perdas.