Mercados retomam confiança

11 maio 2017, 11:32 - atualizado em 05 nov 2017, 14:04

Olivia

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

A confiança dos mercados domésticos está em alta. A trajetória de queda da inflação combinada com a retomada econômica ainda frágil e com o otimismo de aprovação das reformas no Congresso elevaram o sentimento entre os investidores, que andavam meio ressabiados com a cena política. E essa melhora nos negócios agita as apostas de cortes na taxa básica de juros.

Apesar dessa animação com os ativos locais, o governo sabe que ainda não tem os 308 votos necessários para a colocar em votação a reforma da Previdência. Hoje, os deputados a favor não somam mais que 250 e o Palácio do Planalto trabalha para contar com 330 votos, de modo a garantir uma boa margem de segurança na apreciação da proposta no plenário da Câmara.

Mas o governo também está confiante e não quer levar essa pendência para o segundo semestre, arrastando a pauta de reformas no Congresso para além de agosto. Os próximos dois meses, portanto, serão cruciais na formação do cenário econômico do Brasil neste e no próximo ano. E o tempo, nesse caso, pode jogar contra.

Por enquanto, a redução das incertezas em relação à pauta política em Brasília levou a Bovespa a superar a marca dos 67 mil pontos, no nível mais alto desde fevereiro, enquanto o dólar retrocedeu à faixa de R$ 3,16, apenas poucos dias após bater o maior valor em quatro meses em relação ao real e encostar no teto de R$ 3,20.

Nesse vaivém dos mercados, o dólar já se mostra distante do piso anterior de R$ 3,05 e o novo intervalo da moeda parece ter como fundo os R$ 3,15. Na Bovespa, o rali se dá “no vácuo”, diante da falta de apetite do investidor estrangeiro, que já enxugou quase R$ 5 bilhões na renda variável desde o pico do ingresso de recursos, em fevereiro. O negócio que continua dando jogo é a renda fixa, com a devolução de prêmios antecipando a previsão de taxa de juros em apenas um dígito no fim deste ano.

A agenda econômica doméstica do dia traz novos elementos que reforçam essas apostas. O destaque é as vendas do varejo em março (9h), que devem registrar quedas de 0,6% e de 1,8% nas comparações mensal e anual. E esse comportamento errático da atividade serve de argumento para dar continuidade aos cortes na taxa básica de juros.

Ontem, a trajetória cadente da inflação já reforçou essa percepção de espaço adicional para um recuo mais acentuado da Selic, superior a um ponto. E com o avanço da agenda de reformas no Congresso, a opção por um corte mais profundo nos juros brasileiros se desenha cada vez mais fortemente.

Ainda no calendário do dia, serão conhecidas leituras parciais de maio de índices de preços e também novas estimativas para a safra agrícola. Na safra de balanços, a quinta-feira começa com os resultados trimestrais de Banco do Brasil e fecha com os demonstrativos contábeis da Petrobras.

Até o momento, a maioria dos resultados das empresas superou a expectativa, corroborando as estimativas de crescimento do lucro e de sólida geração de caixa. Esse desempenho tende a ser positivo para a renda variável, com a retomada gradual da atividade e a continuidade da queda das taxas de juros elevando a utilização da capacidade instalada e reduzindo o custo da dívida corporativa.

No exterior, destaque apenas para os indicadores dos Estados Unidos sobre a inflação ao produtor (PPI) em abril e sobre os pedidos semanais de auxílio-desemprego, ambos às 9h30. Sem grandes divulgações na agenda econômica, os mercados internacionais tentam se apoiar na recuperação dos preços do petróleo para seguir em frente.

Porém, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água nesta manhã, com um ligeiro viés de baixa, o que já contamina a abertura da sessão na Europa, que também está de lado. Na Ásia, o sinal positivo prevaleceu entre as bolsas, sendo que o índice acionário japonês Nikkei 225 encostou na marca de 20 mil pontos, enquanto o Kospi sul-coreano renovou o nível recorde de alta.

O fato é que com a vitória de Emmanuel Macron na eleição francesa a volatilidade nos negócios diminuiu mais e a atenção se voltou aos sinais de fortalecimento da economia norte-americana, em busca de pistas sobre os próximos passos do Federal Reserve. Tudo indica que só o processo de aperto monetário nos EUA pode ser capaz de reprecificar os ativos de modo mais intenso, caso seja mais duro (“hawkish”).

Hoje, mais diretores do Fed discursam e a possibilidade de ao menos duas novas altas na taxa de juros norte-americana faz o dólar medir forças ante as moedas rivais. Os xarás da Nova Zelândia e do Canadá destacam-se em baixa nesta manhã. Já o rendimento do título de 10 anos dos EUA está na faixa de 2,40%.

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