Mercados fazem pausa para recompor fôlego após Super Semana; vem trégua por aí?
Os mercados tiveram dias intensos na virada do mês. Sem tempo para respirar, os investidores acompanharam as decisões de nada menos do que quatro grandes bancos centrais – incluindo o brasileiro – e a volta aos trabalhos em Brasília.
Mas a primeira semana cheia de fevereiro promete ser tão intensa quanto os dias que marcaram o fim do mês passado e o início deste, principalmente no Brasil. Enquanto lá fora o calendário econômico perde força; aqui está repleto de divulgações relevantes.
Isso vale tanto para a temporada de resultados, com destaque para os “bancões” Itaú e Bradesco, quanto para os indicadores e eventos. Dados do IBGE sobre inflação (IPCA) e atividade (varejo e serviços), além da ata da reunião do Copom, recheiam a agenda ao longo dos próximos dias.
Mercados vivem duelos
Porém, nada disso deve desfazer o duelo nos mercados. Em Nova York, os investidores desafiam o tom duro (“hawkish”) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, bem como os dados robustos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll) e mantêm as apostas de cortes nos juros ainda neste ano.
Já na B3, a queda-de-braço se dá entre estrangeiros e residentes. De um lado, as declarações recorrentes do presidente Lula sobre metas de inflação, autonomia do Banco Central e nível elevado da taxa Selic soam como música para os ouvidos dos locais, mais pessimistas.
Além disso, a ausência de novidades sobre uma nova âncora fiscal impulsiona essa visão. Por outro lado, os “gringos” dançam ao ritmo do som (ruídos) vindos de Brasília e vão às compras na B3, conduzindo o Ibovespa. Aliás, esse ingresso de recursos externos tem pressionado o dólar para baixo, testando a marca de R$ 5,00.
Ao mesmo tempo, uma sintonia fina entre governo e BC é essencial para estabilizar o mercado doméstico. A ver, então, se os dados e eventos desta semana ajustam as incertezas no cenário, que tende a seguir sob domínio da política.
Da mesma forma, uma harmonia entre Fed e Wall Street é fundamental para equalizar o desempenho dos ativos globais em uma mesma frequência.
Afinal, o apetite dos estrangeiro pelo prêmio de risco no Brasil está muito ligado ao cenário global. Por ora, a perspectiva de que os EUA vão evitar a recessão e engatar um pouso suave é incorporada nos preços dos ativos.
Mas essa visão continua com mais questões em aberto do que respostas – o Fed e o payroll evidenciam isso. Assim, pode ser o momento de preservar posições defensivas, à espera de um panorama mais concreto, tanto aqui quanto lá fora.
Talvez até meados deste mês, que está apenas começando, após um janeiro longo, quase interminável. Ou seja, o início de 2023 não está nada fácil.