Mercados emergentes precisam de reservas contra choques, diz RBI
Mercados emergentes precisam aumentar reservas em moeda estrangeira como amortecedores contra choques externos, mesmo sob o risco de serem adicionados à lista de monitoramento do Departamento do Tesouro dos EUA de manipulação cambial, disse Shaktikanta Das, presidente do banco central da Índia, ou RBI na sigla em inglês.
O comentário de Das durante discurso no sábado ocorre um mês depois de o Departamento do Tesouro adicionar o país do sul da Ásia à lista de monitoramento, citando o superávit comercial de bens “significativo” da Índia com os EUA e as compras líquidas “sustentadas” de moeda durante o ano até junho.
A rupia da Índia mostrou o pior desempenho da Ásia no ano passado, quando o banco central reagiu aos influxos constantes de investimento estrangeiro com compras de dólares que elevaram as reservas do país a um recorde de US$ 586 bilhões. O valor se aproxima das reservas da Rússia, que tem o quarto maior estoque do mundo.
Em seu discurso, o presidente do banco central indiano também enfatizou a necessidade de acelerar o aumento de colchões de capital para instituições financeiras da Índia e fortalecer os sistemas de gestão de risco.
O RBI tem buscado “causas básicas de vulnerabilidades, em vez de sintomas”, disse Das durante a palestra.
O RBI alertou que o estresse no sistema bancário pode aumentar com a retirada de medidas especiais destinadas a melhorar o fluxo de fundos para empresas em dificuldades, disse a instituição no início deste mês.
O banco central também prevê que empréstimos duvidosos subam para 13,5% em relação à quantia bruta total até o final de setembro, um dos maiores níveis entre as principais economias, em relação a 7,5% um ano atrás.
Bancos indianos entraram na pandemia já enfraquecidos por uma crise do sistema bancário sombra de dois anos que piorou a qualidade dos ativos, desacelerou o crescimento do crédito e corroeu o capital.
O surto de coronavírus seguido por um dos lockdowns mais rígidos do mundo causou milhões de demissões e fechamento de empresas.
Em resposta, o RBI tomou medidas sem precedentes, incluindo uma moratória para o pagamento de empréstimos que terminou em agosto, seguida por um programa de reestruturação da dívida de dois anos. Mas as medidas dificultaram avaliar a extensão do problema dos empréstimos inadimplentes.