Internacional

Mercados em queda, com menor projeção de corte por Fed após dados de emprego nos EUA

05 jul 2019, 11:23 - atualizado em 05 jul 2019, 11:23
Bolsas operam no vermelho nesta manhã de sexta-feira (Imagem: Pixabay)

Por Arena do Pavini

Dados mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos, indicando uma economia mais forte e, portanto, uma chance menor de Federal Reserve (Fed, banco central americano) derrubar os juros, provocam a queda das ações no mercado americano. No Brasil, depois de o Índice Bovespa bater novo recorde ontem, os investidores aproveitam a piora no mercado americano para colocar parte do lucro no bolso, vendendo ações e derrubando o mercado. O Índice Bovespa estava, às 10h30, em baixa de 0,8%, aos 102.837 pontos.

O dado mais esperado pelo mercado hoje, o payroll nos EUA, veio com surpresa positiva, mostrando criação de vagas superior à esperada pelo mercado, destaca Pedo Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura. Foram criadas 224 mil vagas no mês de junho, contra uma expectativa de 154 mil, segundo a Bloomberg. No mês anterior foram criadas 72 mil vagas, número revisada para baixo. A taxa de desemprego ficou em 3,7%, com alta de 0,01%. Os salários subiram 3,1% em doze meses, abaixo do esperado pelos analistas consultados.

Para o economista, números mais fortes no mercado de trabalho podem reduzir as chances do Fed reduzir os juros básicos nesse ano. Apesar da ligeira alta da taxa de desemprego, ela se encontra em seu menor patamar desde a década de 1960.

Os juros de dez anos subiram, de 1,95% para 2,03%, o que afetou o mercado de ouro. A onça-troy (31,104 gramas) cai 1,94%. Já o Índice Dow Jones cai 0,51%, o Standard & Poor’s 500, 0,61% e o Nasdaq, 0,85%. Na Europa, o Índice Euro Stoxx 600 recua 0,62%, acompanhando a baixa das bolsas dos vários países da região. O petróleo também cai, 0,5%, com o barril do tipo WTI, negociado em Nova York, recuando para US$ 57,00.

No Brasil, Silveira acredita que os mercados devem continuar repercutindo a aprovação do relatório do deputado Samuel Moreira na comissão especial da Câmara. A promessa de manutenção da tendência de alta dos ativos brasileiros está baseada na crença de que a reforma será aprovada no plenário da Câmara na semana que vem.

Segundo a equipe do relator, a economia estimada com o texto aprovado pode chegar perto do R$ 1 trilhão ao longo de dez anos, dentro do melhor cenário esperado pelo mercado.

Para o estrategista-chefe do banco digital ModalMais, o payroll mostra uma tendência inegavelmente forte e dissipa, pelo menos por hora, a perspectiva de uma desaceleração acentuada da economia americana. A reação do mercado é consistente com retirar, por completo, chance de corte maior do que 0, 25 ponto percentual na reunião de julho do Comitê de Mercado Aberto (Fomc).

“Ressalta-se que a média de ganho por horas semanais, um indicador antecedente relevante, permanece no piso da banda que respeitou desde final de 2017 e, apesar de ainda não ser consistente com uma deterioração mais abrupta do mercado de trabalho, merece atenção especial”, diz o estrategista.

Chineses suspeitam de alta do minério de ferro

Nas commodities, segundo a Reuters, 8 das principais siderúrgicas chinesas formaram um grupo para investigar se “fatores não relacionados ao mercado” estão impulsionando os preços do minério de ferro e pediram ao governo que mantenha a estabilidade do mercado.

A notícia fez o minério de ferro negociado no porto de Qingdao, na China, recuar 5% hoje, o que afeta as ações da Vale. O papel cai 2,77% hoje na Bovespa e puxa a queda do índice. Petrobras PN cai 0,69% e Itaú Unibanco PN, 0,5%.

As maiores quedas do índice são CSN ON, 2,90%, também afetada pelo preço do minério, Vale, Bradespar, com 2,53% de baixa e Sabesp ON, 1,86%.

As maiores altas são de Suzano ON, com 3,80% de alta, Braskem PNA, 1,40%, Klabin Unit, 1,27% e CVC Brasil ON, 0,79%.

Economia fraca na Alemanha

Na Alemanha, as encomendas industriais caíram 2,2% em maio ante abril. O resultado veio muito abaixo da expectativa de mercado de queda de apenas 0,3%. O resultado ruim foi puxado pelas encomendas externas, que caíram 4,3% nessa comparação;

O resultado negativo das encomendas industriais reforça o mau período vivenciado pela Alemanha, destaca a XP Investimentos. Por ser uma economia voltada as exportações, a retração global da atividade econômica vem impactando a Alemanha consideravelmente.

Mudanças recentes em padrões de emissões de carros também pesam na recuperação. Assim, esse resultado deve fazer o mercado reforçar ainda mais as apostas de que o Banco Central Europeu (BCE) agirá o quanto antes para conter a desaceleração europeia, diz a XP.

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