Banco Central

Mercados em alerta: O que esperar da política monetária sob o comando de Galípolo?

30 dez 2024, 11:35 - atualizado em 30 dez 2024, 11:35
Gabriel Galipolo, Selic banco central
Gabriel Galípolo assume a presidência na quarta-feira (1º); agentes financeiros têm receio de interferência de Lula na política monetária (Imagem: Reprodução/LinkedIn Gabriel Galípolo)

Após meses de atritos públicos, a relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central (BC) parece prestes a entrar em uma era de harmonia — o que preocupa alguns investidores.

Gabriel Galípolo assume o comando da autarquia na próxima quarta-feira (1º). Ele vai substituir Roberto Campos Neto, escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, na primeira transição estabelecida por uma lei de 2021 que exige que os chefes de Estado aguardem dois anos antes de indicar um nome ao comando do BC, mirando fortalecer sua autonomia.

A transição será acompanhada de perto, especialmente após a frustração com um aguardado pacote de gastos do governo ter provocado um colapso no mercado, fazendo o prêmio de risco do Brasil disparar e levando o dólar a recordes históricos.

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O que esperar de Galípolo?

O ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda e, até agora, diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, já defendeu visões econômicas que, embora às vezes divirjam da abordagem pró-mercado de seu antecessor, agradam a políticos de esquerda.

Enquanto sua proximidade com Lula deve ajudar a acalmar o ambiente após meses de críticas de um presidente exasperado com as altas taxas de juros, ela pode também testar a nova independência formal da instituição, disseram seis ex-diretores do BC à Reuters.

Vale lembrar que Galípolo participou de uma coletiva com Campos Neto em 19 de dezembro, na qual, sob um clima amistoso que ambos brincaram compor uma “última dança”, minimizaram diferenças e prometeram continuidade.

Um dia depois, Lula elogiou o futuro presidente do BC em um vídeo nas redes sociais, prometendo disciplina fiscal e respeito à autonomia da autarquia.

As preocupações com as possíveis mudanças na política monetária continuam, ainda na sombra da reunião do BC em maio — na qual Galípolo e outros três indicados por Lula votaram por um corte maior nos juros que a maioria indicada por Bolsonaro chancelou.

Desde então, todas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) foram unânimes, incluindo a alta de 1 ponto percentual em dezembro, acompanhada de uma surpreendente sinalização de novos aumentos de igual tamanho em janeiro e março de 2025.

Mas a partir de janeiro, o balanço muda e os indicados por Lula ocuparão sete dos nove assentos.

Apesar da postura coesa do BC e da retórica conservadora de Galípolo, que prometeu independência em relação a Lula, alguns economistas permanecem céticos.

“O ‘forward guidance‘ foi feito exatamente porque há receios,” disse Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC durante o primeiro mandato de Lula. “É muito mais um sintoma, um reconhecimento de que há sérias dúvidas sobre como será o comportamento dele, se ele de fato será autônomo ou não.”

“A posse efetiva a gente verá depois de março”, disse Schwartsman. “Até lá os fantasmas do Copom passado vão estar tocando o jogo.”

*Com informações de Reuters 

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equipe@moneytimes.com.br
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