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Mercados em alerta

06 jan 2017, 10:05 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

Olivia Bulla é jornalista e escreve diariamente sobre os mercados financeiros no blog A Bula do Mercado.

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A primeira sexta-feira do ano começa com os mercados financeiros na defensiva, à espera dos números sobre o emprego nos Estados Unidos. Após o Federal Reserve enfatizar o aumento das incertezas por causa das políticas a serem adotadas por Donald Trump, as condições do mercado de trabalho no país podem dar pistas sobre as chances de aceleração no ritmo de aperto dos juros norte-americanos.

Afinal, a maior economia do mundo caminha a passos largos rumo a uma situação de pleno emprego, que é um dos objetivos do Fed – o outro é a inflação de 2%. Nesse cenário, os EUA conseguem gerar postos de trabalho suficientes para absorver a procura e garantir ganhos por hora capazes de gerar pressão inflacionária.

A questão é que se a essa condição normal que contempla o duplo mandato do Fed for adicionado um cenário de expansão dos gastos públicos e cortes de impostos, tal qual promete Trump, a autoridade monetária pode se ver obrigada a intensificar o ritmo de alta da taxa de juros nos EUA, a fim de não perder o controle em um horizonte à frente.

Os dados do chamado payroll serão conhecidos às 11h30 e a previsão é de criação de 175 mil vagas em dezembro, com a taxa de desemprego oscilando em alta, para 4,7%, de 4,6% registrados no mês anterior. Um número melhor que o esperado tende a fortalecer o dólar, enquanto qualquer decepção com o dado deve ampliar a queda da moeda, que ontem voltou à marca de R$ 3,20.

O movimento local foi influenciado pela criação de postos de trabalho no setor privado dos EUA abaixo do previsto em dezembro, o que esfriou as apostas para o payroll hoje e aumentou o apetite por ativos de risco. Ainda na agenda norte-americana, saem o saldo da balança comercial (11h30) e as encomendas às fábricas (13h), ambos referentes a novembro. Antes, serão conhecidos dados sobre o varejo e o sentimento econômico na zona do euro.

À espera dos números efetivos, os mercados internacionais perdem tração. O sinal negativo prevalece nas bolsas desde a Ásia, passando pela Europa e chegando em Nova York, mas a queda é limitada. O petróleo também recua, enquanto o dólar se estabiliza, com o iene, o euro e a libra esterlina caindo pela primeira vez em três dias. As intervenções dos bancos centrais da China e do México sustentam suas moedas locais, após as perdas recentes.

No Brasil, a agenda doméstica traz o IGP-DI (8h), que deve ganhar força em dezembro e subir 0,65%. Com isso, a taxa acumulada deve encerrar 2016 com alta de 7%. Depois, às 9h, sai o índice de preços ao produtor (IPP) em novembro.  

Mas a atenção do dia deve se voltar para o aumento do óleo diesel nas refinarias, anunciado ontem à noite pela Petrobras. Embora o preço da gasolina não tenha sido alterado, a política mensal de revisão dos preços dos combustíveis deve entrar na conta dos investidores como mais um fator a influenciar as decisões de juros do Banco Central.

O reajuste, de 6,1%, em média, não deve esvaziar a aposta de um corte mais agressivo do Comitê de Política Monetária (Copom) na taxa básica de juros (Selic) na reunião da semana que vem, mas tende a reduzir as chances de uma redução ainda maior. Isso significa que a Selic pode cair 0,50 ponto percentual neste mês, para 13,25%, e não 0,75 ponto – nem agora, nem depois.

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