Mercados começam semana pós-feriado reagindo ao payroll antes de CPI nos EUA, atentos ao Fed
A semana pós-feriado da Páscoa começa com os mercados globais olhando pelo retrovisor. Afinal, os ativos de risco ficaram devendo para esta segunda-feira (10) a reação ao relatório oficial sobre o emprego nos Estados Unidos, que saiu em plena Sexta-feira Santa (7).
E os números do chamado (payroll) deixaram o Federal Reserve em uma encruzilhada. Isso porque o mercado de trabalho norte-americano segue forte. Embora os dados de março sugerem uma desaceleração na abertura de vagas, mais de 1 milhão de postos foram criados no acumulado do primeiro trimestre.
Ainda assim, nem tudo foram más notícias. O payroll do mês passado apontou para um possível sinal de alívio na inflação. Afinal, o ritmo de aumento da renda média real perdeu força, sugerindo menor pressão inflacionária vinda dos salários.
Além disso, a taxa de participação da força de trabalho atingiu o maior nível desde fevereiro de 2020. Ou seja, com mais pessoas procurando emprego, a demanda por mão de obra deve arrefecer e as empresas não precisam competir oferecendo rendimentos mais altos.
Com isso, os dados do payroll dos EUA devem balizar o humor dos mercados neste início de semana. Vale lembrar que na primeira semana de abril o Ibovespa encerrou no limiar dos 100 mil pontos, reencontrando a tendência de baixa de curto prazo.
Mercados aguardam CPI para calibrar Fed
Seja como for, a bolsa brasileira pode andar de lado nos próximos dias, sob a influência do exterior em meio à ausência de novidades por aqui. O fato é que o mercado de trabalho nos EUA ainda não entrou em colapso, o que desloca a atenção desta semana para o índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA.
O indicador será conhecido na quarta-feira (12). Depois, na sexta-feira (14), também merecem atenção o desempenho da indústria e do varejo norte-americanos em março. Mais detalhes da agenda da semana estão aqui.
Combinados, esses dados econômicos devem calibrar as expectativas em relação à próxima reunião do Fed, em maio. Por ora, as apostas por um novo aumento residual, de 0,25 ponto percentual (pp), seguem majoritárias.
Porém, não se pode descartar a possibilidade de uma pausa no nível atual, de 5%, já no mês que vem. O que não há são argumentos a favor de cortes de juros seja agora ou em breve.
No entanto, nada disso é muito certo. Afinal, os mercados ainda não mensuraram o impacto da crise bancária nas condições financeiras nem no crédito. E isso pode ser determinante para aferir o momento exato do fim do aperto dos juros nos EUA.
O mesmo pode ser dito em relação ao nível terminal da taxa de juros a ser mantida pelo Fed – se mais perto de 5% ou de 6%. Seja como for, o que se sabe é que por mais que o ciclo de alta esteja muito próximo do fim, o mundo irá conviver com juros mais altos por mais tempo.