Bancos

Mercados antecipam duas altas de 0,75 pp do BoE até dezembro

20 set 2022, 9:39 - atualizado em 20 set 2022, 9:39
Banco da Inglaterra
“O BoE parece muito mais preocupado com a inflação alta de hoje e em combatê-la, mesmo que isso ocorra às custas de um crescimento mais fraco”, disse Imogen Bachra, estrategista de juros do Reino Unido no NatWest Markets (Imagem: REUTERS/Luke MacGregor/File Photo)

Traders aceleram as apostas em juros mais altos no Reino Unido e projetam dois grandes aumentos pelo Banco da Inglaterra até o fim do ano, em meio à batalha para combater a inflação impulsionada pelos preços da energia.

Os mercados monetários têm precificado aumentos de 2 pontos percentuais ao longo das próximas três reuniões. Isso implica que o BoE elevará a taxa básica em 0,75 ponto percentual em duas dessas decisões de política monetária.

A primeira dose pode ocorrer ainda esta semana: traders veem cerca de 60% de chance de uma elevação de 0,75 ponto percentual na quinta-feira. Seria o maior aumento aplicado pelo banco central britânico desde 1989, quando subiu a taxa de juros em um ponto percentual.

A escala de aperto monetário precificada sugere que a expectativa de operadores é de uma taxa básica de 3,75% no fim do ano e de 4,5% em março, cerca de 0,8 ponto percentual a mais do que o esperado há um mês.

Autoridades monetárias como o Banco Central Europeu e o Federal Reserve decidiram intensificar os aumentos de juros de modo a antecipar o aperto e, assim, manter as expectativas de inflação sob controle. Nesta terça-feira, o Riksbank da Suécia surpreendeu ao elevar os juros em um ponto percentual, a maior alta em quase três décadas de metas de inflação.

Os temores de que a Rússia continue a reduzir o fornecimento de gás fizeram com que os preços da energia disparassem em toda a Europa, com o custo do gás de referência na região comercializado seis vezes acima da média histórica.

A expectativa de um novo estímulo do governo do Reino Unido ameaça aumentar as pressões sobre os preços no longo prazo, diante da preocupação de que o BoE tenha dificuldades para trazer a inflação – agora pouco abaixo de 10% – de volta à meta, a menos que também tome medidas mais agressivas.

“O BoE parece muito mais preocupado com a inflação alta de hoje e em combatê-la, mesmo que isso ocorra às custas de um crescimento mais fraco”, disse Imogen Bachra, estrategista de juros do Reino Unido no NatWest Markets.

Embora seu cenário-base seja de que o BoE opte por 0,5 ponto percentual na decisão desta semana, a estrategista acredita que o impulso fiscal extra deve resultar em uma “reação um pouco mais ‘hawkish’”  do que o previsto anteriormente.

Os vencimentos de prazo mais curto levaram a uma queda nos títulos do governo britânico nesta terça-feira. Os rendimentos dos chamados gilts de dois anos deram um salto de 12 pontos-base, para 3,26%. Os yields dos títulos de 10 anos, vistos como referência, subiram para o nível mais alto desde 2011.

Traders também esperam novos aumentos significativos de outros bancos centrais. As apostas no mercado monetário implicam uma probabilidade superior a 80% de um segundo aumento de 0,75 ponto percentual do BCE em sua reunião de outubro. Tal movimento já está totalmente precificado para a decisão de juros do Fed na quarta-feira. Operadores veem em torno de 16% de chances de uma alta de um ponto percentual.

Ainda assim, os mercados apostam que os aumentos dos juros no Reino Unido serão revertidos após a taxa básica do BoE atingir o pico, em meados de 2023. Traders precificam cerca de 0,14 ponto percentual de alívio monetário até o fim do próximo ano.

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