Mercado vê riscos políticos que podem afetar ação da Petrobras
A Petrobras é a maior empresa em valor de mercado na Bolsa de Valores brasileira, e suas ações, tanto a PETR3 quanto a PETR4, costumam ser figurinhas brilhantes na carteira de investidores. No primeiro trimestre de 2022, a companhia registrou um lucro líquido recorde de R$ 44,5 bilhões.
Com resultados assim, a estatal mantém um histórico de boa pagadora de dividendos. Levantamento feito por Einar Rivero, da TC/Economatica, feito com as 25 empresas do setor de petróleo com valor de mercado superior a US$ 10 bilhões e ações listadas em Bolsas da América Latina e EUA ou com ADR (American Depositary Receipts) em Nova York, mostra que a Petrobras é a líder na remuneração do investidor. O chamado “dividend yield” da ação preferencial da estatal em 12 meses chega a 40,97%.
“É uma ação extremamente barata olhando qualquer métrica de ‘valuation’, incluindo múltiplos históricos e pares internacionais”, diz o head de renda variável da AF, Leandro Saliba.
Se a companhia brasileira distribui um bom patamar de proventos e está barata na Bolsa, por que, então, o mercado parece receoso com as ações? A resposta é o risco político.
A política de preços mantida pela Petrobras, vinculada à variação do barril de petróleo no mercado internacional, entrou na mira do presidente Jair Bolsonaro e de aliados no Congresso, que acusam a empresa de ter lucros exorbitantes às custas de seguidos reajustes de preços dos combustíveis.
A empresa caminha para ter o seu quarto presidente desde o início do atual governo, e há um movimento para mudar a composição da diretoria e do conselho de administração para o governo ter influência na definição dos preços.
“Mesmo com toda essa questão política que está acontecendo agora, no ano a Petrobras está subindo 12%, enquanto o Ibovespa está caindo 6%. Mas tem de acompanhar muito a eleição e o risco de mudar a gestão da empresa”, diz Saliba.
Planejamento
Para Heitor de Nicola, assessor de renda variável da Acqua Vero, antes de comprar Petrobras o investidor precisa analisar o cenário tentando separar o que é apenas ruído daquilo que pode, efetivamente, alterar o rumo da empresa.
“Se, de fato, for decidida uma mudança na política de preços, isso alteraria a tese de investimentos da empresa. Mas apenas esse ruído político no fim do dia não muda o que a Petrobras faz e tem planejado para os próximos anos. E, portanto, não altera a tese do investidor.” A Acqua Vero é um escritório do BTG Pactual, onde a recomendação para Petrobras segue neutra.
Mas há quem veja o cenário com mais otimismo. Na Ativa Investimentos, o analista Ilan Arbetman explica que, dado o nível de preços atual das ações da companhia e as perspectivas de uma continuidade na alta do petróleo no mercado exterior, valeria a pena montar posições na Petrobras.
Na Warren, a recomendação também é de compra, visto que, por mais que a discussão política tenha impactos, a companhia deve seguir com bons resultados. E, inclusive, tem margens para o caso de alguma das medidas do governo ser aprovada.
“Por exemplo, caso alterem a CSLL e a empresa tenha a tributação dobrada. Sairia de 9% para 18%, o que teria um impacto de cerca de US$ 2 bilhões nos dividendos pagos pela Petrobras. Ainda assim, a empresa pagaria dividendos de dois dígitos”, destaca Frederico Nobre, líder da área de análise da casa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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