Mercado vê repeteco de “espiral negativa” do 2º mandato de Dilma e espera rali de Natal
Os mercados têm observado uma conjunção de fatores que lembram o segundo mandato de Dilma Rousseff, em que uma “espiral negativa” de juros altos e inflação derrubou a Bolsa e, por fim, culminou no impeachment da ex-presidente.
Segundo Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, o Ibovespa (IBOV) tem sofrido muito com a inflação e os seus estragos na economia, como a alta de juros e a piora nas expectativas de crescimento, o que contribui para a saída de recursos da Bolsa.
E, em segundo lugar, também com a dinâmica fiscal muito ruim dos últimos meses, com a expectativa de quebra do Teto de Gastos.
“Isso fez o Brasil entrar numa espiral negativa com o aumento de prêmio de risco na curva de juros, depreciação do real e elevação das expectativas de inflação”, explica ele em entrevista ao Money Times.
“É muito parecido com que a gente viu no segundo mandato da Dilma”, disse.
Siqueira ressalta ainda que este processo já chegou ao final. “Os preços já caíram bastante. Agora temos uma visibilidade sobre como será o resultado fiscal de 2022, pois agora a PEC já foi aprovada na Câmara”.
Bolsa barata
Em um relatório enviado a clientes ontem, a Órama Investimentos também avalia que o curto prazo pode ser mais calmo adiante.
“Caso a celeuma política envolvendo ‘teto dos gastos’ e a ‘PEC dos precatórios’ seja resolvida ainda em novembro, poderemos observar um rali de fim de ano, com o índice tentando buscar entre 116 e 117 mil pontos”, aponta a corretora.
Para 2022, a Órama manteve o alvo do Ibovespa para 134 mil pontos, a despeito da visão de que será um ano com enorme volatilidade, em meio ao calendário eleitoral.
“Pelo desconto excessivo, acreditamos factível uma elevação no P/L para patamares de 10x”, conclui.