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Entrevista: BrasilAgro prevê aumento de ao menos 12% na área de grãos em 20/21

25 maio 2020, 18:44 - atualizado em 25 maio 2020, 19:36
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Segundo a BrasilAgro, o avanço de ao menos 12% em áreas de grãos 2020/21 será decorrente da recente compra no Piauí, adicionada a áreas adquiridas na Bahia com a incorporação da empresa Agrifirma (Imagem: Divulgação/Brasil Agro)

A BrasilAgro (AGRO3) deve incrementar em pelo menos 12% a área de produção de soja e milho na safra 2020/21 após recente aquisição de uma fazenda no Piauí, em momento em que o setor se mostra resiliente à crise contando com uma alta forte do dólar, disse à Reuters o CEO da empresa, André Guillaumon.

Em meio a produtividades de grãos acima do esperado na safra 2019/20, a companhia anunciou no último dia 13 a compra de uma área de 4,5 mil hectares no município de Baixa Grande do Ribeiro, ao sul do Piauí, por 25 milhões de reais.

A área adquirida é vizinha a uma propriedade na qual a companhia possui parceria agrícola em uma área de 5,7 mil hectares agricultáveis e desenvolvidos. A companhia tem opção de compra da terra, atualmente arrendada.

Segundo a BrasilAgro, o avanço de ao menos 12% em áreas de grãos 2020/21 será decorrente da recente compra no Piauí, adicionada a áreas adquiridas na Bahia com a incorporação da empresa Agrifirma, em dezembro de 2019, e novas áreas abertas no Paraguai.

“Com isso, já temos esses 12% dentro das projeções de avanço para 2020/21, mas vamos trabalhar para conseguir aumentar ainda mais, seja por meio de mais aquisições ou pela transformação de áreas de pastagem ou de cerrado e já são de propriedade da companhia, mas não estão em uso.”

Na safra de 2019/20, a companhia plantou 81,9 mil hectares com grãos (soja, milho e feijão), aumento de 22,4% em relação à temporada anterior. A soja ficou com 54,3 mil hectares e o milho total foi cultivado em 25 mil hectares.

O otimismo do executivo vem de bons índices de produtividade alcançados em 2019/20, aliado aos preços de venda de grãos que ele considerou atrativos e a posição de câmbio, que impulsiona os valores da commodity exportada.

O dólar acumula avanço superior a 30% no ano.

Segundo o CEO, os cultivos de soja e milho representam cerca de 50% do market share da BrasilAgro. Uma parcela de 25% a 30% é composta pela produção de cana-de-açúcar e os 20% a 25% restantes ficam com cultivos de outros produtos, como algodão, feijão e pasto para pecuária.

A região de atuação da BrasilAgro está localizada predominantemente no Centro-Oeste e Matopiba -Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia.

Dentre os Estados do Matopiba, somente no Tocantins não há fazendas do grupo.

“O clima ajudou muito e, por isso, fizemos revisões sobre as projeções de produtividade para os grãos da safra 2019/20”, destacou Guillaumon.

A produção de soja 2019/20 da BrasilAgro deve alcançar 162,2 mil toneladas, ante expectativa inicial de 158,6 mil toneladas. No ciclo anterior, de 2018/2019, a companhia colheu 154,5 mil toneladas da oleaginosa.

No milho verão, a perspectiva de produção foi de 29,8 mil toneladas para 41,3 mil toneladas. Já no cereal da segunda safra, o avanço foi de 7%, considerando que a projeção passou de 101,4 mil toneladas para 109,2 mil toneladas.

“O milho safrinha está vindo muito bem”, comentou o CEO.

Ao todo, a colheita de grãos (soja, milho e feijão) da empresa deve alcançar 320,7 mil toneladas nesta safra, ante expectativa inicial de 297,7 mil toneladas e produção de 228,6 mil toneladas na temporada passada.

De acordo com a companhia, as projeções de produção de grãos para a safra 2020/21 estão em análise.

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Somente para a cana-de-açúcar 2020/21, cuja safra foi iniciada em abril, a companhia conta com projeções.

“A safra de cana apresenta uma disponibilidade hídrica nas regiões onde estamos, em Mato Grosso, Goiás e Maranhão, diferente das condições de São Paulo, que está mais seca… Este é um aspecto bastante positivo, parte disso se captura e estamos monitorando margens”, afirmou.

Ele admitiu que há impactos no setor decorrentes das medidas de isolamento, para conter o coronavírus no país, que reduziram o consumo de etanol, mas até o momento a companhia optou por reduzir marginalmente a área destinada à cultura e manter a estimativa de produção.

A expectativa é que sejam colhidas 2,16 milhões de toneladas de cana em 2020/21, ante 2,17 milhões na safra anterior. A projeção para o volume de cana colhido por hectare caiu de 83,3 toneladas para 80,6.

“É uma cultura que vai ter impacto nos seus preços. (No entanto), a cotação do petróleo voltou bem, se subir mais um pouco, com esse câmbio que temos hoje, traz uma paridade que dá para proteger um pouco o preço do etanol.”

A BrasilAgro atua somente no fornecimento da matéria-prima para as usinas.