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Mercado vê juro acima de 13% em 2022 e alavanca dólar após Copom; fiscal preocupa

28 out 2021, 12:47 - atualizado em 28 out 2021, 12:47
Morgan Stanley
O Morgan Stanley elevou a 11% o prognóstico para o juro ao fim do ciclo, expressiva alta frente aos 9,25% previstos antes, e considerou o tom do BC “dovish” (menos duro na política monetária) (Imagem: Facebook/Morgan Stanley)

As taxas de juros de cabeça de ano a partir de 2023 voltavam a mostrar um rali nesta quinta-feira, com operadores exigindo mais prêmio de risco conforme entendem que os juros terão de subir mais após na véspera o Banco Central entregar aperto monetário aquém do precificado em contratos derivativos.

A alta de 1,50 ponto percentual da Selic anunciada pelo Bacen na noite de quarta –a mais forte desde 2002– ficou em linha com as previsões de vários analistas de departamentos econômicos, mas veio abaixo da precificação da curva de DI, que na tarde de terça apontava 56% de probabilidade de aumento de 1,75 ponto.

Isso fazia a taxa do vencimento janeiro de 2022 –que concentra apostas para o rumo da Selic entre hoje e o fim de dezembro de 2021– cair 10,6 pontos-base, a 8,314% ao ano.

Nesse preço, esse DI projetava alta de 1,56 ponto percentual na Selic no encontro do Copom de dezembro, abaixo do número perto de 1,70 ponto mostrado na véspera.

Mas o alívio no trecho mais curto era o outro lado da moeda da pressão nos vencimentos seguintes. Em alta de 26 pontos-base, o DI para janeiro de 2023 –que reflete expectativas para a trajetória da Selic de hoje ao fim de 2022– já apontava Selic bem acima de 12% em dezembro do ano que vem.

Taxas a termo de swap DIxPré –outra medida da estrutura da curva de juros– mostravam juro médio acima de 13% em julho de 2022.

A subida dos juros médios “conversa” com nova revisão para cima nas estimativas para a Selic terminal por parte de algumas casas.

O Morgan Stanley elevou a 11% o prognóstico para o juro ao fim do ciclo, expressiva alta frente aos 9,25% previstos antes, e considerou o tom do BC “dovish” (menos duro na política monetária), o que explicaria a visão de que o Bacen terá de correr e adicionar mais juros no ano que vem dado o movimento menos agudo agora.

“Esta mudança responde à necessidade de conter a alta nas expectativas de inflação decorrente do enfraquecimento das regras fiscais, bem como às pressões inflacionárias adicionais oriundas de um real mais fraco”, disseram no relatório os economistas André Loes e Thiago Machado e a estrategista Ioana Zamfir.

Os efeitos da sinalização do Bacen, segundo os profissionais, vão se estender ao câmbio, uma vez que a autoridade monetária não apenas não chancelou apostas do mercado como tampouco indicou aceleração adicional no passo de restrição monetária.

“Por sua vez, isso sugere mais pressão de curto prazo para a moeda, especialmente à medida que nossas métricas de avaliação sugerem que os prêmios de risco permanecem baixos e o posicionamento permanecia um pouco neutro”, completaram, vendo, nesse caso, reforço nas intervenções cambiais pelo BC.

O Morgan mantém posição no mercado de opções que considera chances de o dólar bater 5,90 reais.

O dólar à vista saltava 1,3% nesta quinta, voltando a cruzar a linha dos 5,60 reais. O real tinha o pior desempenho global nesta sessão, afetado também por dúvidas sobre a votação da PEC dos Precatórios.

Também em relatório, o Barclays avaliou ser improvável que o mercado abrande a previsão para a taxa de juros terminal, devido aos riscos fiscais e inflacionários.

Logo após a decisão do BC, o Barclays elevou a projeção de taxa Selic terminal de 9,75% para 10,50%, e também citou efeitos da sinalização do BC na política monetária sobre a taxa de câmbio.

A instituição financeira disse que a maior parte da depreciação cambial das últimas semanas é explicada pela deterioração dos fundamentos das contas públicas, o que foi capturado pelo componente local do modelo de câmbio do Barclays.

Barclays
Também em relatório, o Barclays avaliou ser improvável que o mercado abrande a previsão para a taxa de juros terminal, devido aos riscos fiscais e inflacionários (Imagem: Reuters/Toby Melville)

“Isso sugere que o real pode permanecer sob pressão no curto prazo, apesar da alta de juros pelo BC/da taxa de retorno mais elevada, uma vez que o câmbio e, em certa medida, a política monetária agora são movidos por preocupações fiscais.”

O diretor de pesquisas econômicas para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, considerou o comunicado da decisão de política monetária do Copom “dovish” –ou seja, menos duro com os riscos à inflação.

Dados os sinais emitidos pelo Bacen, o Goldman Sachs espera outra elevação de 1,50 ponto no juro em dezembro, para 9,25% ao ano, com a taxa terminal ficando entre 10,75% e 11% no primeiro trimestre de 2022.

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