Mercado vê desaceleração da economia e impacto dos juros, após serviços de outubro
O recuo de 1,2% no setor de serviços, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (14), reforça uma perspectiva de desaceleração da atividade econômica, dizem analistas do mercado.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, conta que o resultado confirmou a perspectiva ruim sobre a economia deste ano, com a queda da renda e a alta no crédito.
“Para 2022 a perspectiva é ainda pior, tendo em vista que o carryover (a continuidade da perspectiva estatística) diminui bastante”, diz.
A corretora ainda revisou seu cálculo do PIB de 2022 de 0,5% para 0,3%.
A leitura da Ativa corrobora com a percepção de Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais. A instituição projeta um recuo de 0,39% no IBC-Br (prévia do PIB) de outubro.
Sichel explica que a alta da inflação, conjuntamente ao aperto monetário promovido pelo BC, deverá manter o viés negativo para o crescimento da abertura como um todo.
O economista e sócio da BRA, João Beck, avalia que os dados vieram fracos, apesar de aguardar uma pressão ainda maior sobre o setor.
“O setor de serviços era de onde se esperava uma pressão até maior, dado o processo de reabertura da economia ainda em curso”, diz.
Taxa de juros
Beck ainda explica que o resultado do IBGE é uma evidência de que a alta da taxa Selic começa a fazer o seu efeito na economia.
Além disso, ele prevê que, se dados de recuo do PIB já afetariam o balanço de riscos do Banco Central.
“Esses dados recentes de serviços devem ser ainda mais considerados nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária)“, diz.