Mercados

Mercado vê “ameaça Moro” menor e dólar cai a R$ 5,45; Bolsa dispara 4%

25 maio 2020, 17:35 - atualizado em 25 maio 2020, 17:35
Para analistas de mercado, vídeo não trouxe elementos novos com potencial de fortalecer chance de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (Imagem: STF)

O dólar caiu mais de 2% ante o real nesta segunda-feira, fechando no menor patamar desde o fim de abril, com o mercado estendendo a reação do fim da semana passada ao conteúdo do vídeo de reunião ministerial, que, para analistas de mercado, não trouxe elementos novos com potencial de fortalecer chance de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

O ambiente externo mais positivo também ajudou a reduzir a demanda por proteção no mercado doméstico, o que permitiu ao real contabilizar o melhor desempenho global nesta segunda.

O dólar à vista terminou em queda de 2,08%, a 5,458 reais na venda. É o menor patamar desde 30 de abril (5,438 reais) e a maior desvalorização percentual diária desde 29 de abril (-2,94%).

A cotação passou todo o pregão em baixa. Na mínima, desceu a 5,4440 reais (-2,33%) e, na máxima, foi a 5,5305 reais (-0,78%).

A queda do dólar neste pregão é a quarta consecutiva, período no qual a divisa cedeu 5,26%. É a maior perda acumulada em quatro sessões desde junho de 2018.

Na B3 (B3SA3), o dólar futuro recuava 1,45%, a 5,4600 reais na venda, às 17h08.

A reunião era apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro teria tentado interferir na Polícia Federal (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O cenário político continuou no foco dos agentes financeiros nesta sessão, a primeira em que o mercado à vista de dólar repercutiu a decisão, na sexta-feira, do ministro do STF Celso de Mello de permitir a divulgação do vídeo, com exclusão de apenas dois trechos, da reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril.

A reunião era apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro teria tentado interferir na Polícia Federal.

A expectativa pela decisão do ministro do STF sobre a liberação ou não do material havia dominado o mercado na sexta-feira, e o veredicto foi conhecido por volta de 17h, quando as operações no mercado de dólar à vista estavam encerrando. O mercado futuro –que fecha às 18h–, porém, capturou as reações, e os contratos de dólar da B3 chegaram a ceder 0,81%, depois de o dólar à vista ter fechado em queda de apenas 0,15%.

A queda do dólar no mercado à vista nesta segunda-feira, portanto, refletiu um ajuste ao movimento do segmento futuro na sessão anterior. Mas mesmo o dólar no mercado futuro ainda perdia fôlego nesta sessão, sinal de que o mercado tirou do radar um cenário disruptivo.

“Por não ter nada de novo, tendo a acreditar que não deveria haver um aumento de probabilidade de qualquer cenário de impeachment ou complicação política”, disse Dan Kawa, sócio da TAG Investimentos.

Nesta sessão, a moeda brasileira, de longe, liderou os ganhos entre os principais rivais, num dia de dólar fraco contra vários pares emergentes e sem a referência de Wall Street, cujas operações permaneceram fechadas pelo feriado do Memorial Day nos EUA.

B3 B3SA3 Ibovespa Mercados
Analistas do CIBC Capital Markets, braço do Canadian Imperial Bank of Commerce, avaliam que “vazamentos de investigações continuarão sendo prejudiciais”  (Imagem: B3/Linkedin)

Mas incertezas políticas podem permanecer. “Não obstante, a crise política deve continuar, dessa vez com o foco nas acusações de Paulo Marinho sobre vazamentos da Operação Furna da Onça por um delegado da PF para Flávio Bolsonaro“, avaliou a Guide Investimentos. O depoimento de Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro, está previsto para terça-feira.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, embora o real esteja performando bem nos últimos dias, parte do movimento também decorreu de fatores externos. “O Brasil não virou a sensação de uma hora para a outra. E a redução do risco político de curto prazo não significa que qualquer outro risco que vier será fichinha”, alertou.

Analistas do CIBC Capital Markets, braço do Canadian Imperial Bank of Commerce, avaliam que “vazamentos de investigações continuarão sendo prejudiciais” para aqueles com posições compradas em reais.

“Revisamos nossa previsão para a taxa Selic para entre 2,0%-2,25% até o final de 2020. A clara postura dovish (inclinada a queda de juros) do BC (Banco Central), apesar dos maiores riscos fiscais, também deve pressionar o real no curto prazo”, disseram em nota. A meta Selic está em 3,00%.

O Banco Central vendeu nesta segunda-feira todos os 2 bilhões de dólares ofertados em leilão de rolagem de linhas de dólares com compromisso de recompra e colocou também o lote integral de 12 mil contratos de swap cambial tradicional, também para rolagem.

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