Opinião

Mercado se recupera com comissão especial calma, mas cai com temor sobre guerra comercial

07 maio 2019, 17:57 - atualizado em 07 maio 2019, 17:57
Bolsa caiu pelo segundo pregão seguido, descendo aos 94 mil pontos após ter chegado aos 92 mil na mínima do dia

Por TradersClub

A bolsa caiu pelo segundo pregão seguido, descendo aos 94 mil pontos após ter chegado aos 92 mil na mínima do dia. A confirmação de aumento de tarifas dos Estados Unidos sobre importações chinesas recolocou a guerra tarifária no radar dos investidores, trazendo um ingrediente de estresse do mercado global à cautela local pela tramitação da reforma da Previdência no Congresso.

O primeiro dia de discussão da reforma na comissão especial da Câmara sugere que o relator, Samuel Moreira, quer um plano de trabalho acelerado, concluindo a fase de audiências públicas em 29 de maio, para discutir o texto em junho, porém sem uma data para colocar a matéria em votação, o que pode abrir espaço para interrupções e manobras da oposição e partidos que pretendem mexer na proposta.

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Os trabalhos prosseguem nesta quarta-feira, com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes. Em carta mensal, a gestora Verde Asset, do renomado Luis Stuhlberger, diz que prevê turbulência aos ativos brasileiros nos próximos dois meses por conta da discussão da reforma na comissão, porém em menor intensidade do que a observada em março e abril.

Paulo Guedes
Luis Stuhlberger diz que prevê turbulência aos ativos brasileiros nos próximos dois meses por conta da discussão da reforma na comissão (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

“Há mais espaço para surpresas positivas” no mercado, segundo a gestora. Isso, é claro, vai depender também do cenário externo.

Ao fim do dia, graças à sessão calma na comissão especial, o mercado brasileiro escapou das mínimas registradas ao longo do dia por influência de Nova Iorque. O índice Bovespa caiu 0,65% a 94.388 pontos, enquanto o dólar futuro subia 0,05% a R$3,977 após bater R$4, à tarde, pela primeira vez em duas semanas.

Os mercados americanos, paparicados pelo presidente Donald Trump desde janeiro com o papo de que as tratativas comerciais com a China estavam indo muito bem, obrigado, hoje sentiram – de novo – o peso da complacência.

Índice S&P500 despencou 1,65%, na pior queda em quase cinco meses

O índice S&P500 despencou 1,65%, na pior queda em quase cinco meses, refletindo o temor de que a decisão de Trump de aumentar as sobretaxas nas importações chinesas pode abalar a economia do país asiático e, de quebra, a atividade global.

O petróleo caiu, os mercados dos países emergentes mostraram um desempenho paupérrimo, o iene se fortaleceu e a volatilidade, medida pelo índice VIX, disparou. Em relação a esse último indicador, conhecido mundo afora como o “índice do medo”, a alta de 50% desde segunda-feira trouxe de volta métricas que os investidores tinham esquecido no armário desde novembro, a última vez que o mercado global teve um surto de pânico.

Comportamentos similares do VIX em situações anteriores pressagiaram violentas quedas de mercado. O retorno da volatilidade está sendo estimulado pelo forte desmonte de posições vendidas a descoberto e de maior demanda por proteção.

O investidor no Brasil precisa ficar de olho nesse movimento, pois a aversão ao risco tende a subir em todos os cantos do planeta. Como disse um gestor sediado em Londres à TC News hoje, “não tem para onde correr” numa situação como a de hoje.

Os juros futuros por aqui seguiram a subida do dólar, mas encerraram o dia com desempenhos mistos, com alta nos vencimentos mais longos e estabilidade ou queda naqueles mais curtos. O contrato para janeiro de 2020 recuava 1 ponto-base para 6,440%.

Maioria do mercado aposta em manutenção da Selic em 6,50% ao ano

Atentos ao desenrolar da reforma no Congresso, traders aguardam a atualização da taxa básica de juro brasileira, a Selic, nesta quarta-feira, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. A maioria do mercado aposta em manutenção da Selic em 6,50% ao ano, mas é possível que o comitê alerte sobre maiores riscos associados à retomada lenta da economia brasileira e a situação geopolítica e de mercado no exterior.

Além de uma rodada intensa de balanços do primeiro trimestre, o mercado estará de olho no índice de inflação IGP-DI de abril e, no exterior, aos números da balança comercial chinesa, assim como os estoques de petróleo dos EUA em um momento de tensão a respeito das negociações comerciais entre Washington e Pequim.

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