Economia

Mercado se iludiu com eventual corte na Selic em maio e se depara com Banco Central inabalável

22 mar 2023, 19:08 - atualizado em 22 mar 2023, 19:08
Copom, Banco Central, juros, selic
O mercado não apostava em uma redução já nesta reunião. No entanto, esperava por uma sinalização do Banco Central para o futuro.(Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano e deixou claro que a manutenção da taxa básica de juros é necessária. Este é o maior patamar da taxa desde janeiro de 2017, onde a Selic está estacionada desde agosto.

O mercado não apostava em uma redução já nesta reunião. No entanto, esperava por uma sinalização de que o Banco Central já estaria de olho em reajustes para baixo. O comunicado, por outro lado, mostrou uma autoridade monetária firme e que ignora as pressões do governo.

“O arcabouço prometido para antes do Copom, que atendesse às exigências da responsabilidade fiscal, o déficit primário e a estabilização da dívida em relação ao PIB levou parte do mercado a crer que o Banco Central poderia sinalizar o interesse de início de um ciclo de cortes da Selic”, afirma Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos.

O Banco Central deixa claro que a reoneração dos combustíveis no início de março reduziu incerteza dos resultados fiscais de curto prazo.

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O problema é que ainda existe a incerteza quanto ao teor do arcabouço fiscal – que ficou para depois da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. Além disso, o cenário externo se deteriorou com a crise bancária causada pela quebra do Silicon Valley Bank (SVB).

E mais: a inflação e as projeções dos preços para os próximos anos seguem altas e longe da meta de inflação.

“O recado é simples; se a inflação não cair, o Banco Central não irá cortar os juros. Não sabemos o quanto seria necessário cair para dar o sinal verde para algum corte é uma vez que para o BC a questão na mesa é a inflação e somente essa”, afirma o economista André Perfeito.

Os mais otimistas falavam em cortes já na próxima reunião; Perfeito descarta um eventual corte em maio e junho.

Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, também não vê a possibilidade de cortes a curto prazo. “Trabalhamos com um cenário em que juros continuarão altos por mais tempo, talvez com queda apenas no segundo semestre e em menor magnitude”.

Segundo ele, o Banco Central levou em consideração o balanço de riscos e optou pela cautela, uma vez que o cenário político e macroeconômico vêm se deteriorando.