Política

Haddad perde brilho com o mercado financeiro após pacote de gastos, diz pesquisa

04 dez 2024, 9:14 - atualizado em 04 dez 2024, 9:14
fernando haddad pacote de corte de gastos fiscal
Haddad anunciou na semana passada um conjunto de medidas para a contenção de gastos, acompanhado de proposta para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda. (Imagem: Flickr/Ministério da Fazenda/Diogo Zacarias)

A força do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está menor que no começo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visão da maioria dos agentes do mercado financeiro, apontou pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, uma inversão em relação ao apurado em levantamento realizado no início deste ano.

Segundo a sondagem, realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro, 61% dos entrevistados disseram que veem a força de Haddad menor em comparação com o início do mandato, contra apenas 14% que tinham essa percepção em pesquisa de março. Os que viam o ministro mais fortalecido em relação ao começo do governo passaram de 51% no questionário anterior para apenas 4% agora.

Na segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a forma como o pacote fiscal foi discutido, fechado e anunciado assegurou unidade em torno das medidas e evidenciou a força de Haddad e da equipe econômica, afirmando que o ministro “nunca esteve tão forte”.

A pesquisa Genial/Quaest foi feita por meio de 105 entrevistas online com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão ligados a fundos de investimentos com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O levantamento mostrou um acentuado descrédito do mercado financeiro frente ao novo arcabouço fiscal. Nenhum dos entrevistados considerou que as regras fiscais têm muita credibilidade, enquanto 42% viram o arcabouço com pouca credibilidade e 58% avaliaram que ele não tem credibilidade alguma.

A sondagem, realizada pelo instituto Quaest e encomendada pela Genial Investimentos, também indicou que 88% dos agentes financeiros veem as medidas de pente fino sugeridas pela Fazenda como favoráveis ao cumprimento da regra de gasto do arcabouço fiscal, contra apenas 12% que as vê como não favoráveis, embora 42% as tenham considerado “pouco satisfatórias” e 58%, “nada satisfatórias”.

Adicionalmente, 37% dos participantes disseram acreditar que a regra de gasto do arcabouço — nos padrões atuais — é sustentável somente até 2025. Na sequência, 36% julgam que as medidas são sustentáveis até 2026 e 14%, até 2027.

Ainda assim, a avaliação do trabalho do chefe da Fazenda permaneceu positiva para 41% dos entrevistados (versus 50% na pesquisa anterior), regular para 35% (de 38%) e negativa para 24% (contra 12%).

Haddad anunciou na semana passada um conjunto de medidas para a contenção de gastos, acompanhado de proposta para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda.

Ainda de acordo com a pesquisa Genial/Quaest, a quantidade de agentes que acredita que a política econômica do país está indo na direção errada subiu 25 pontos percentuais, para 96%, enquanto os que veem a política econômica caminhando na direção certa diminuiu para 4%, de 29% em março deste ano.

A expectativa em relação à economia para os próximos 12 meses também piorou, com 88% esperando uma piora (de 32% na pesquisa anterior), 10% afirmando que deve ficar do mesmo jeito (ante 47%), e apenas 2% acreditando em uma melhora (versus 21%).

reuters@moneytimes.com.br