Mercado precisa de cada grão das lavouras inundadas dos EUA
Os mercados globais de grãos atravessam um momento crucial, com preços finalmente em queda após uma alta vertiginoso no início deste ano.
Para onde as coisas vão a partir daqui pode depender de agricultores como Justin Sherlock e o clima extremo que atinge partes do cinturão agrícola dos EUA.
Para Sherlock, como a maioria dos fazendeiros americanos, o clima maluco não é novidade. A área da Dakota do Norte onde fica sua fazenda é conhecida pelo excesso de água que recebe na primavera e pelas poças que se formam no meio dos campos. Mas este ano foi excepcional.
O dilúvio foi tão intenso que as enchentes submergiram acre após acre. As poças pareciam mais lagos.
“Tem sido uma luta”, disse Sherlock, que conseguiu plantar cerca de 75% do milho e soja que havia planejado antes que as chuvas o forçassem a parar em meados de junho. “Tem sido uma primavera tão longa e horrível que farei o que puder para cultivar a melhor safra possível este ano, mas basicamente já decidi colocar minhas esperanças em 2023.”
Em qualquer ano-safra normal, a inundação em um campo como o de Sherlock pode não importar muito no panorama geral do mercado agrícola global. Mas, como todos sabem, 2022 é tudo menos um ano típico.
A invasão da Ucrânia pela Rússia sufocou as exportações de uma região conhecida como celeiro do mundo. A interrupção levou os futuros das safras a níveis quase recordes, com os estoques extremamente apertados. Isso piorou uma inflação de alimentos desenfreada e temores de escassez global de grãos.
Os mercados finalmente começaram a se acalmar nas últimas semanas com o otimismo de que os principais produtores, como Austrália e EUA, colherão safras grandes o suficiente para ajudar a reabastecer as reservas comprimidas pela guerra.
Mas, para manter a inflação de alimentos sob controle, cada alqueire nos EUA precisa atingir seu potencial máximo de rendimento, e cada grão conta.
“A produção americana desempenhará um papel importante este ano na estabilização dos mercados e qualquer ‘má notícia’ aumentará os preços nos mercados mundiais”, disse David Laborde, do International Food Policy Research Institute, em Washington.
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