Mercado põe rali em xeque se placar não for 3 a 0 contra Lula
Se até aqui “o mercado mundial continua comemorando não se sabe bem o quê”, nas palavras de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, na próxima semana, o mercado brasileiro poderá lamentar um dos eventos mais importantes de 2018. Às 15h de quarta-feira (24) está previsto o resultado do julgamento de Lula pelo TRF-4 em Porto Alegre.
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Para analistas, o mercado já colocou no preço a chance de condenação de Luiz Inácio Lula da Silva pelo placar de 3 a 0, potencialmente até inviabilizando a candidatura do ex-presidente. Qualquer outro desfecho promete agitar o cenário. Por ocorrer na véspera do feriado de aniversário da cidade de São Paulo, a reação deve ficar para sexta-feira (26).
Por isso, há quem espere ajuste de posições nos dois primeiros pregões da semana. Nesta sexta-feira (19), o Ibovespa operou perto do estável durante a maior parte do dia antes de encerrar em alta de 0,32%, aos 81.219 pontos, nova máxima histórica. No ano, o principal índice da B3 acumula valorização de 6,31% graças à liquidez externa após a alta de 27% em 2017.
Observando o fluxo de recursos internacionais desembarcando no Brasil, Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae, nota o investidor estrangeiro mais confiante nas perspectivas para as reformas fiscais do que o local. “O mercado ainda tem espaço para subir em dólares. A máxima é 40.000 pontos em dólares e nós estamos em 25.000 pontos em dólares. Há espaço para o estrangeiro enxergar retornos”, comenta. Mesmo assim, Spyer prevê alguma realização de lucros.
Realização de lucros
“Se tivermos uma condenação por 3 a 0 e também uma certa unanimidade da opinião comum sobre a pena, isso tende a repercutir positivamente. Se vier 2 a 1, mesmo com a condenação, eu acredito que, no curto prazo, a Bolsa pode ter uma reação negativa. E no caso de absolvição eu vejo uma queda mais forte”, avalia Filipe Villegas, analista da Genial Investimentos.
Neste contexto, para o investidor que opera via análise gráfica, Villegas recomenda entrar a semana que vem fazendo ajustes no stop loss. E, para quem opera por meio da análise fundamentalista, “talvez realizar uma parte da posição ou até mesmo buscar papéis mais conservadores para se proteger em caso de uma notícia negativa”.
Lula na eleição
Os analistas da Magliano Corretora, Pedro Galdi e Carlos Soares Rodrigues, entendem que a eleição será o grande vetor para o comportamento do mercado neste ano. Em relatório enviado a clientes, eles comentam a possibilidade de Lula candidato, dentre os nomes contrários à agenda de reformas tão cruciais à sustentabilidade fiscal do Brasil.
“A sua estratégia aparente é caminhar o máximo possível como candidato em campanhas pelo PT pelo interior do Brasil e, se não for impedido já no julgamento deste final de mês, terá mais tempo para levar a bandeira do PT em diferentes regiões do país. Se no caminho for impedido ainda terá como passar o bastão para alguém do partido, com possibilidade de ser o ex-prefeito de São Paulo, Haddad, que por sinal aparenta ter pouco potencial de seguir adiante para o segundo turno”, escrevem.
José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, por sua vez, afirma em nota a clientes que seu cenário base “contempla Lula no páreo até o fim, ou ao menos até setembro, com base na avaliação de que, entre os que fazem leis e os que fazem decretos, não há muita gente que goste de implicações da falta do chamado foro privilegiado”.
Ibovespa
Entre o recorde nominal do Ibovespa (IBOV) e a perspectiva de volatilidade à frente, o Money Times consultou 12 analistas entre bancos, corretoras, gestoras e casas de análise para tentar responder até onde a Bolsa brasileira pode chegar em 2018. A média das estimativas ficou em 87.668 pontos, sendo a menor projeção 85 mil pontos e a maior 94 mil pontos. Os mais otimistas, contudo, falam em 100 mil pontos.
(Colaborou Gustavo Kahil)