Mercado pede ação do BCE contra € 5 tri de liquidez excessiva
Quase € 5 trilhões de liquidez comprometem a transmissão da política de juros europeia no mercado monetário, e a pressão aumenta para as autoridades agirem.
Em tempos normais, um aperto do Banco Central Europeu elevaria as taxas do mercado monetário e, com isso, os custos de financiamento na economia como um todo, o que ajudaria a esfriar a inflação.
Mas uma escassez de títulos após anos de compras de dívida do banco central sustenta a demanda pelo número limitado de notas disponíveis, mantendo os yields baixos, o que, na prática, bloqueia a transmissão de juros mais altos do BCE para a economia.
Os pedidos de ação aumentam às vésperas da decisão de política monetária do BCE na quinta-feira. Um grupo de instituição do mercado monetário e a Associação Internacional do Mercado de Capitais manifestaram suas preocupações ao BCE e sugeriram uma série de soluções.
“Normalizar as taxas de juros em um contexto de excesso de liquidez de € 4,7 trilhões e escassez de títulos pode prejudicar ainda mais a transmissão da política monetária”, disse Konstantin Veit, gestor da Pimco. “Esperamos que o BCE explore opções para controlar melhor as taxas do mercado monetário” a médio prazo, disse.
Embora Veit não espere um anúncio iminente, as opções de médio prazo para absorver o excesso de dinheiro podem incluir certificados de dívida, emitidos pelo BCE e disponíveis para compra por participantes não-bancários do mercado, disse.
As instituições financeiras também propuseram que o banco central crie uma ferramenta semelhante ao mecanismo de recompra reversa do Federal Reserve, que toma dinheiro do sistema durante a noite em troca de títulos.
Outra sugestão foi dar um incentivo aos bancos para realizarem pagamentos antecipados de operações de refinanciamento de longo prazo do BCE, conhecidas como TLTROs.
“Mesmo uma quitação parcial de TLTROs no primeiro semestre de 2023 liberará uma quantidade significativa de títulos no sistema que deve apoiar a atividade do mercado de recompra”, escreveu. Frederik Ducrozet, chefe de pesquisa macroeconômica da Pictet Wealth Management.
A escassez de títulos se tornou um desafio fundamental para o BCE, que deixa para trás um era de taxas de juros negativas e anos de compra de títulos.
Uma área-chave de atrito que as autoridades observam são as taxas dos acordos de recompra, ou repos. Na ata da sua última decisão, o BCE disse que a alta de juros em julho alcançou apenas “repasse parcial” para as taxas de recompra envolvendo títulos alemães específicos, que as autoridades atribuíram à escassez desses bônus.
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