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Mercado não está “plenamente consciente” sobre risco eleitoral, dizem analistas

11 out 2017, 21:20 - atualizado em 05 nov 2017, 13:53

Brasília

“Não vai passar reforma da Previdência neste ano.” Em meados de janeiro, isso soaria como imperdoável pelo mercado. Agora na reta final de 2017 tal cenário é tratado cada vez com mais naturalidade entre gestores e analistas. Por trás dessa resiliência encontra-se a aposta em vitória da centro-direita na eleição de 2018. Alguns analistas, no entanto, veem aí um excesso de otimismo, temperado pelos sinais de retomada da economia e da farta liquidez externa.

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A consultoria de Nouriel Roubini teme que o mercado não esteja “plenamente consciente” dos riscos que o Brasil enfrenta. Em relatório, o economista Pedro Tuesta pondera que, enquanto as pesquisas sugerem um eleitorado ávido por uma figura centrista, como João Doria ou um outsider, elas mesmas indicam a possibilidade de eleição de um populista.

“Diante disso, recomendamos que investidores fiquem bastante cautelosos sobre suas posições em Brasil, embora ainda reconheçamos que o rali provavelmente continuará até que possamos saber quais candidatos o Brasil terá em 2018”, diz o texto da Roubini Global Economics. Para Tuesta, o entusiasmo desaparecerá sem um nome centrista viável para o pleito.

O principal desalento é o desafio de equilibrar as contas públicas, conforme reitera a Fitch em análise divulgada nesta quarta-feira (11) sobre ratings da América Latina, na qual cita a recuperação econômica dos países, mas em ritmo abaixo da média. O crescimento potencial, avalia, tem sido prejudicado pela baixa taxa de investimento e falta de produtividade.

“Além disso, consequências negativas de casos de corrupção em vários países e um calendário movimentado de eleições em 2017-2018 podem prejudicar as reformas”, lamenta a agência de classificação de risco, que mantém perspectiva negativa para a nota de crédito soberana de três nações na região: Brasil, Equador e Suriname.

Além de elevar a previsão de expansão do PIB brasileiro (0,7% neste ano e 1,5% em 2018), o Fundo Monetário Internacional (FMI) adiou em um ano a perspectiva de quando o Brasil apresentará superávit primário: de 2020 para 2021. “Prevemos que a reforma da Previdência será adotada, mas com leve atraso”, declarou Vitor Gaspar, diretor do Departamento de Assuntos Monetários do FMI. Essa pauta “será crucial para ancorar caminho de ajuste fiscal”.

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