Mercado local deixa claro que problema era (ou ainda é) os juros, deduz gestor
Os mercados domésticos vivem um otimismo no curto prazo. O movimento impulsiona o Ibovespa (IBOV) e desvaloriza o dólar, enquanto os juros futuros retiram prêmios.
Tudo isso por causa da expectativa de cortes na taxa Selic em breve. “Um dos grandes entraves para o bom desempenho dos ativos no Brasil era a perspectiva de fim do ciclo de alta de juros e eventual início do ciclo de queda da taxa Selic”, avalia o CIO da TAG Investimento, Dan Kawa.
Em postagem no Twitter, o gestor explica que a questão não é quando exatamente os cortes terão início, mas sim de que o processo é o próximo passo. “Não é preciso que os juros caiam, só precisa ter a perspectiva de que o ciclo de alta acabou e o próximo passo é uma queda de taxa”, explica.
Perceba que o mercado é “forward looking”. Ele não precisa que os juros caiam no “D0”, ele só precisa ter a perspectiva de que o ciclo de alta acabou e o próximo passo é uma queda de taxa.
— Dan Kawa (@DanKawa2) May 25, 2023
Por que o mercado só embalou agora
Nesse sentido, vale lembrar que embora o juro básico esteja em 13,75% desde a reunião de setembro, os últimos comunicados do Banco Central trouxeram dúvidas quanto aos próximos passos. Na reunião de março, inclusive, o Comitê de Política Monetária (Copom) sequer descartou a retomada de novas altas.
Porém, após a prévia da inflação (IPCA-15) em maio abaixo do esperado, divulgada ontem, os investidores alimentaram expectativas de que os cortes na Selic começam mais cedo do que tarde. Agora, as apostas anteciparam o início do novo ciclo para agosto, com essa sinalização sendo feita já no encontro em junho.
A inflação ainda está alta, o pano de fundo ainda não é “perfeito”, mas o investidor se posiciona pelas mudanças na margem e a história que se desenha é melhor do que nos últimos meses. Há uma clara “luz no fim do túnel”.
— Dan Kawa (@DanKawa2) May 25, 2023
Somado a esse cenário, Kawa observa que o avanço no Congresso das novas regras que irão substituir o teto de gastos reduz o risco fiscal e mantém o impulso no mercado doméstico, diante da mudança de perspectiva para os juros. Por isso, o momento de virada do Ibovespa está perto e essa tendência está “apenas começando”.
No entanto, o gestor da TAG pondera que não será um movimento linear e estará sujeito a solavancos. Afinal, por mais que o Brasil queira seguir para o alvo e avante, o cenário externo também importa.
além da redução dos “riscos de cauda” em relação ao fiscal – mesmo que, aqui, o fiscal também não seja perfeito.
— Dan Kawa (@DanKawa2) May 25, 2023