Mercado Livre (MELI) ‘declara guerra’ ao MGLU3 e VIIA3 por ‘tesouro’ do e-commerce brasileiro; confira os destaques do resultado do 2T23
Não é de hoje que a Faria Lima se encanta com o Mercado Livre (MELI;MELI34). A empresa argentina vem entregando crescimento ininterrupto ao longo dos últimos anos, demonstrando força quando muitos de seus concorrentes patinaram.
Na noite de ontem, os resultados divulgados sobre o segundo trimestre de 2023 voltaram a reforçar essa tese. “Comemorando o seu aniversário em grande estilo”, diz o Itaú BBA na introdução do seu comentário.
Depois de mais um balanço acima da expectativa do mercado, as ações da varejista listadas na Nasdaq disparam mais de 10% e são cotadas a US$ 1.309,7. No ano, a valorização do papel supera os 54%.
De acordo com análise de Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, a receita líquida de US$ 3,4 bilhões no trimestre resultou de um aumento de 17% na base de clientes, de 18% no número de itens vendidos e evolução nas principais regiões de atuação da companhia. A comparação é feita com o mesmo período de 2022.
Mercado Livre mira mercado multibilionário da linha branca no Brasil, em desafio a MGLU3 e VIIA3
Crescimento também é a palavra que definiu o volume bruto de mercadorias transacionadas (GMV, na sigla em inglês).
No trimestre, o GMV do Meli ultrapassou a marca dos US$ 10 bilhões, beneficiando-se diretamente da derrocada da Americanas (AMER3), em uma indicação de que a empresa continua expandindo a sua já dominante fatia de mercado no Brasil.
Ainda dentro do contexto brasileiro, o Mercado Livre informou estar melhorando a sua competitividade de preço em produtos eletroeletrônicos, resultando em um aumento da margem de vendas 1P (vendas executadas pela própria plataforma, e não por terceiros).
Depois da queda da AMER3, o Mercado Livre vem se preparando para ‘travar uma guerra’ pela linha branca contra as demais concorrentes, como Via Varejo (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3). As varejistas brasileiras são dominantes históricas do segmento, que corresponde a maior fatia do GMV local.
Dentro de segmento 3P, a empresa reportou um aumento do take rate (a fatia das transações que fica retida para a plataforma) para 18,4%, o que acabou sendo “influenciado pelo aumento da penetração da iniciativa de anúncios e do repasse de preços para os vendedores”, diz Ferrer.
O analista vincula o salto do take rate à sofisticação de funcionalidades disponíveis para clientes e vendedores da plataforma. “Em 2010, por exemplo, o take rate era de 6%”, relembra o analista da Empiricus.
Diante de todos esses números, o lucro líquido do Mercado Livre foi para US$ 261,9 milhões, avanço de 113% na base anual.
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Não é só o e-commerce: Mercado Pago e Mercado Envios trazem números “superlativos”
As boas notícias para a varejista ultrapassaram a divisão de e-commerce. O Mercado Envios, que é segmento de logística próprio do Mercado Livre, atingiu um recorde no segundo trimestre de 2023, ao atingir uma penetração de 94% da rede de distribuidores parceiros.
Já o fullfillment, serviço no qual a Meli realiza o armazenamento, embalagem e entrega de produtos, atingiu uma penetração de 46% em termos consolidados. Segundo a varejista, 56% dos pedidos estão sendo entregues em até 24 horas.
Assim como o Mercado Envios, o Mercado Pago também apresentou números “superlativos”, de acordo com Ferrer. O volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) atingiu US$ 42 bilhões, um aumento de 740% em relação ao segundo trimestre de 2022. Do total, US$ 27 bilhões é referente ao que está sendo transacionado fora da plataforma.
Dentro do Mercado Pago, o Itaú BBA faz destaque à linha de crédito, o Mercado Crédito. A receita de juros descontada de perdas para o produto teve um ganho de 6,2 ponto percentual (pp.), que chega a 36,8%. “O número foi puxado por menor provisão para perdas, em razão de uma qualidade de ativos maior e declínio do risco de inadimplência”.