Mercado Livre levanta US$ 1,6 bilhão com oferta de ações
O Mercado Livre, empresa mais valiosa da América Latina, captou US$ 1,55 bilhão em sua primeira oferta de ações em mais de dois anos.
A empresa de comércio eletrônico vendeu um milhão de ações a US$ 1.550 cada, segundo comunicado, o que representa um desconto de 5% em relação ao preço de fechamento na segunda-feira. A varejista planeja utilizar os recursos levantados em “propósitos corporativos gerais”, de acordo com prospecto publicado na segunda-feira.
O crescimento do Mercado Livre tem sido acelerado desde 2020 na esteira da pandemia de coronavírus, com um número cada vez maior de consumidores que compram online e que usam opções de pagamento digitais.
A empresa continuou a atingir marcos no terceiro trimestre: em e-commerce, registrou volume recorde de mercadoria bruta de US$ 7,3 bilhões, enquanto no braço de fintech a carteira de crédito cresceu para mais de US$ 1,1 bilhão.
“Nosso perfil de geração de caixa atual é suficiente para financiar nossos próximos investimentos, mas queremos a flexibilidade para acelerar sem ter que acessar os mercados com pressa”, disse André Chaves, vice-presidente sênior da empresa, em entrevista. “O foco dos investidores está no longo prazo.”
Chaves destacou as grandes necessidades decorrentes da expansão das iniciativas de logística, uma das áreas de expansão da empresa na região. Ele acrescentou que não há aquisições de valor equivalente ao da oferta no pipeline da companhia.
As ações do Mercado Livre caíram até 7,2% na abertura em Nova York nesta terça-feira.
A empresa vendeu ações pela última vez em março de 2019, quando levantou US$ 1,9 bilhão por meio de uma oferta pública de ações que incluiu um investimento direto de empresas como o PayPal. No início deste ano, o Mercado Livre fez uma emissão de US$ 1,1 bilhão em títulos que incluíram uma tranche de US$ 400 milhões em dívida sustentável. Na ocasião, a varejista informou que parte dos recursos seria destinada à expansão da frota de veículos elétricos para entregas.
Após levantar capital, o Mercado Livre poderia investir mais em logística, expandir serviços e produtos e também aumentar seu poder de barganha em estoques, segundo Ignacio Arnau, gestor da Bestinver Asset Management, em Madri. Uma possível operação de M&A também “poderia, sem dúvida, economizar muito tempo e dinheiro”, disse Arnau.
Morgan Stanley, J.P. Morgan Securities e Goldman Sachs coordenaram a venda. Os bancos têm opção de comprar outras 150.000 ações nos próximos 30 dias.