Mercado interno não tem refresco com o milho, nem terá depois
As exportações de milho cresceram, a colheita está atrasada e o volume total esperado nesta primeira safra é menor. Os compradores não terão refresco, inclusive depois com a oferta de inverno.
No Rio Grande do Sul, o preço CIF (com frete) bate os R$ 82 a saca. No Paraná, onde a safra verão é maior, está em R$ 78. São preços que refletem o conjunto do momento para o grão e deverá se manter ainda firme, para o analista e consultor Vlamir Brandalizze.
As chuvas que atrapalham a colheita paranaense e catarinense, por exemplo, podem dar até uma trégua, mas não muda o quadro de um volume esperado menor que na safra 19/20.
A faixa considerada por Brandalizze é de 23 milhões de toneladas, entre 2 e 3 milhões a menos, para 4,4 milhões de hectares. No mesmo período anterior, passou dos 7 milhões/ha.
Com os embarques da commodity, confirmados pela Secex, alcançando 3,4 milhões de toneladas no conjunto dos dois primeiros meses do ano, cerca de 1 milhão/t a mais que em janeiro e fevereiro de 2020, as indústrias e granjas brasileiras estão com pouca opção de negociações.
As projeções para a safra de inverno, a safrinha, ainda são acima das 75 milhões/t da última, mas há um atraso considerável do plantio, em uma bola de neve que começou com a colheita atrasada da soja (também pelo plantio tardio) e pelas chuvas no Centro-Sul.
O cereal é muito suscetível à perda de produtividade se passar da janela de plantio, o que reacende as expectativas de preços nos mercados.
Se se considerar, voltando a Vlamir Brandalizze, que a China tem expectativa de incrementar mais seu consumo, o gatilho de preços fica mais ainda pressionado. E as exportações se manterão fortes como em 2020.
Os chineses esperam plantar mais e colher 300 milhões/t, sobre as 260 milhões/t de 2020, mas é um salto muito grande.