Agronegócio

Mercado futuro do café está mais preso às principais economias do que a seus fundamentos

15 jul 2019, 9:50 - atualizado em 15 jul 2019, 11:25
Café
Em plena safra brasileira, futuros do café sentem peso da conjuntura das economias globais (Imagem: Valter Campanato / Agência Brasil)

Os movimentos das bolsas de futuros também obedecem o andamento das economias dos principais atores globais, como todo mundo sabe. Fala-se muito da soja, por conta do imbróglio Estados Unidos-China, mas no café a diferença abismal entre produção mundial e a circulação diária em bolsa, mais ainda quando há poucos fundamentos que podem virar o jogo, a pressão dos fatores exógenos é tanto ou mais significativa quanto as condições de oferta/demanda e qualidade.

De uma disponibilidade orçada, de todos os produtores, em 160 milhões de sacas do arábica, a ICE Futures de Nova York (a ICE Londres só opera com o robusta) movimenta cerca de 5 bilhões. Em momentos como o atual, sem muitas novidades conjuntural, a especulação e a conseqüente volatilidade é maior com base em outros ativos, avalia Lúcio de Araújo Dias, superintendente da Cooxupé, a maior cooperativa e exportadora brasileira.

Independentemente de alguns estresses, como da última geada no café (entre os dias 5 e 7 de julho), que poderão vir enquanto a colheita avança, o mercado já teria precificado a oferta do Brasil, nos contratos de Nova York. O maior provedor mundial, de acordo com Araújo Dias, vai chegar nesta safra a 35 milhões de sacas e na 19/20 a 45 milhões. A Cooxupé deverá entregar 5 milhões/s.

“Então, por exemplo, quando muitos falaram em rally de clima, quando a bolsa recuou mais de 400 pontos na segunda (7) após as geadas, se via que na verdade os fundos comprados em 113 mil lotes estavam em 23 mil porque houve sinalizações de mudanças no patamar de juros dos Estados Unidos”, afirma o executivo da Cooxupé, com sede em Guaxupé, n Sul de Minas.

No dia 5, por exemplo, o governo americano anunciou o aumento no número de vagas de empregos, mais 224 mil em junho fora da agropecuária, o maior índice em 5 meses.

Desse modo, é natural a troca de ativos de proteção dos grandes comerciantes de papéis. E passaram a recomprar café e outras commodities, a partir da terça (8), com a percepção menor de riscos.

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Proteção

Lúcio de Araújo Dias diz que a Cooxupé só procura proteção no mercado futuro, já que as opções também têm risco elevado na realização.

A posição conservadora da cooperativa de cafeicultores mineira também é no comprometimento da entrega física futura da safra. Para manter o risco de crédito ao produtor dentro de limites aceitáveis, sempre a fixação de posições é menor do que a estimativa prevista.

 

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