Coluna da Roberta Scrivano

Mercado financeiro brasileiro vai mudar de maneira radical; saiba por quê

29 maio 2023, 10:00 - atualizado em 28 maio 2023, 15:20
Ibovespa
Mercado financeiro brasileiro tem mudado, em um movimento que envolve legisladores, instituições financeiras e players; entenda (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O mercado financeiro brasileiro tem mudado nos últimos anos paulatinamente, com avanços na legislação e o surgimento de novos serviços e tecnologias. Para Edivar Queiroz, presidente da CSD BR, trata-se de um movimento extremamente positivo, que envolve legisladores, instituições financeiras e demais players dos mercados.

“A legislação hoje está cada vez mais moderna, permitindo uma série de pontos importantes. O Banco Central e a CVM [Comissão de Valores Mobiliários] estão conduzindo esse processo com muita parcimônia, realizando consultas públicas para entender as demandas”, diz ele.

Queiroz é um dos responsáveis pela recente mudança de rota no ecossistema. Tanto que, segundo ele, concomitante a isso, há a entrada de novos competidores, o que já estão mudando o ambiente.

A CSD BR, empresa de infraestrutura para o mercado financeiro, acaba de completar cinco anos de fundação e oferece uma plataforma construída com tecnologia proprietária para realizar registros de ativos de forma mais eficiente e ágil. Em 2022, o volume de ativos registrados pela empresa cresceu 1.300% e atingiu cerca de R$ 210 bilhões.

Além de levar maior transparência e agilidade ao mercado, a CSB BR também estimula a concorrência, fazendo frente à bolsa de valores. Leia a entrevista: 

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Quais são os principais gargalos do mercado hoje que poderiam ser beneficiados por novas tecnologias?

Acho que vale ressaltar, antes de tudo, o fato de que todos os entraves que existiam hoje estão razoavelmente endereçados, com menor ou maior avanço. Acredito que não haja neste momento nenhum obstáculo que seja desconhecido e para o qual soluções não estejam sendo criadas. Mas por motivos estruturais, havia um desafio para inovações e, consequentemente, o crescimento do setor. Do outro lado, havia – e ainda há – pouca competição na área de infraestrutura. E havia um terceiro gargalo que era a falta de modernidade de nossa legislação, restritiva em alguns aspectos.

Como disse, esses aspectos mudaram recentemente: a legislação hoje está cada vez mais moderna, permitindo uma série de pontos importantes. O Banco Central e a CVM estão conduzindo esse processo com muita parcimônia e prudência, realizando consultas públicas para entender as demandas. Concomitante a isso, há a entrada de novos competidores, que já estão mudando o ambiente. E bancos e instituições financeiras estão conseguindo muito bem se adaptar a essas mudanças.

O que a CSD BR oferece nesse sentido?

Estamos sempre oferecendo uma visão mais moderna, espelhada em mercados externos mais desenvolvidos. Trazemos a experiência dos nossos acionistas, em especial a CBOE (Chicago Board Options Exchange), sobre como funciona o mercado lá fora, que tentamos adaptar para cá. Conseguimos apresentar para o Brasil uma estrutura tecnológica extremamente avançada, que permite às instituições terem melhor controle de suas operações, diminuindo o trabalho e o risco operacional.

Ao mesmo tempo, buscamos aumentar volumes de informações processadas. Assim, podemos demonstrar que contribuímos de maneira significativa para melhorar a eficiência, seguindo a legislação. Por exemplo, assim que sai uma nova medida, conseguimos implementar rapidamente para poder oferecer um produto novo. Por fim, oferecemos aos parceiros as ferramentas necessárias para facilitar a adaptação a essas novidades.

Qual impacto a CSD BR provocou com essa inovação?

O impacto já foi grande. Obtivemos 12% do mercado de swaps viabilizando operações que não eram feitas. Estamos também aumentando o tamanho do mercado, além de conquistarmos players que já estavam nele.

Há entraves para o desenvolvimento de novas tecnologias para o mercado financeiro hoje no Brasil?

Sempre haverá obstáculos em todas as áreas. Os bancos e instituições financeiras têm entraves de orçamento, disponibilidade de gente, priorização. Os órgãos reguladores têm um tempo diferente do da iniciativa privada, e com razão. É importante dizer que mudar o mercado como estamos nos propondo a fazer requer algumas características. Exige paciência, resiliência e alinhamento de investidores. As coisas não são rápidas nesse segmento, pela própria natureza do negócio.

Quais os próximos passos para a CSD BR? Qual o potencial de mudança no ecossistema para os próximos anos?

O mercado financeiro brasileiro tem mudado e vai mudar de maneira radical. Provavelmente, a próxima geração vai nascer achando que ter conta em dólar era uma coisa comum, sendo que até bem pouco tempo isso não era permitido. Aprendemos a viajar levando dinheiro na pochete. Estamos deixando de ser um país de índice de abertura muito baixo, que ainda somos, e cada vez mais estamos integrando o mundo.

Durante os últimos 20 anos, o Banco Central se preocupou com a estabilidade do mercado financeiro, e temos então duas décadas de mercado estável. Faz muito tempo que não temos uma quebra de banco. O BC faz um trabalho excepcional cuidando da estabilidade. E de pouco mais de dois anos pra cá, começou a se preocupar com eficiência.

O Pix é um resultado disso. Temos a revolução nos meios de pagamento, hoje você paga pelo celular, pelo relógio. Antes você tinha duas bandeiras, Cielo e Rede, hoje tem um monte de maquininha. A tentativa é fazer com que o mercado financeiro brasileiro fique mais eficiente, mais barato e mais inclusivo.

O que a CSD BR está fazendo para isso? Desde o começo, utilizamos tecnologias que a gente considera serem estado da arte, que acompanham a velocidade de execução que as instituições querem e precisam. Quando os processos são executados em tempo real, eles são melhores. Isso é muito positivo.